
Com porte majestoso, olhar expressivo e pelagem exuberante, o Maine Coon carrega a fama de ser o maior gato doméstico do mundo. Originária do estado do Maine, no nordeste dos Estados Unidos — onde é considerada a raça oficial —, a espécie tem uma origem cercada de lendas. Uma das mais conhecidas sugere que o Maine Coon seria resultado do cruzamento entre gatos domésticos e guaxinins, hipótese biologicamente impossível, mas que ajudou a batizar a raça. Mais plausível é a teoria de que descendem de gatos levados por marinheiros europeus, que se adaptaram ao clima rigoroso da região.
Devido à pelagem longa, recomenda-se a escovação de duas a três vezes por semana para evitar a formação de nós, remover pelos soltos e manter a saúde da pele. "Esse cuidado também contribui para reduzir a ingestão de pelos durante o grooming (processo de autocuidado). A tosa só é recomendada em casos extremos, quando a pelagem apresenta nós que não podem ser desfeitos com escovação. Além disso, é importante proporcionar espaço para brincadeiras e oferecer uma alimentação adequada para o bom desenvolvimento do animal", orienta Fabiana Volkweis, professora de medicina veterinária do Ceub.
Apesar de sua imponência física, o maine coon é surpreendentemente carinhoso, como relata Guilherme Garcia, tutor de Percival. "Ele tem 2 anos e meio de idade. Gostamos de gatos exóticos, e essa raça é muito conhecida por ser o maior gato do mundo."

"Apesar de ser muito grande e pesado e acabar aparentando ser um animal mais bravo ou arisco, ele é muito gentil e dócil, um dos gatos mais carinhosos que temos ou tivemos", continua o nutricionista. E completa: "Apesar de não parecer, ele é muito carente, age como um cachorro, geralmente nos segue, fica sempre no mesmo ambiente ou no colo. Um verdadeiro grandão carinhoso."
No cotidiano, os cuidados se tornam rotina. "Por ter pelos longos e volumosos, temos que manter o hábito de pentear pelo menos três vezes na semana, mensalmente mantemos uma ida ao petshop para banho e tosa higiênica", finaliza.
Doenças
A alimentação, aliás, tem impacto direto na prevenção de doenças que afetam a raça. "Uma alimentação equilibrada e adequada a cada fase da vida ajuda a garantir a saúde geral, a qualidade da pelagem e o desenvolvimento ósseo e muscular. O controle do peso é fundamental, pois o porte grande da raça, associado à predisposição genética à displasia coxofemoral, faz com que o sobrepeso seja especialmente prejudicial, sobrecarregando as articulações. Além disso, gatos obesos têm maior risco de desenvolver diabetes devido à resistência insulínica", completa Fabiana Volkweis.
Outro ponto importante é o monitoramento de patologias genéticas. A veterinária expõe que a cardiomiopatia hipertrófica (CMH) foi descrita em 1999 em uma família de gatos maine coon como uma doença hereditária, com padrão de herança autossômico dominante. "Em 2005, uma mutação no gene MYBPC3 foi identificada como associada à CMH hereditária nessa raça. Por isso, ao adquirir um maine coon, é importante realizar testes genéticos para detectar a mutação MYBPC3-A31P. Para animais já pertencentes à família, recomenda-se o acompanhamento periódico com exames cardíacos, como o ecocardiograma."
Qualidade de vida

Para Marina Zimmermann, também professora de medicina veterinária do Ceub, o maine coon exige atenção constante com a saúde articular e o desenvolvimento físico devido à
predisposição genética à displasia coxofemoral e ao seu porte avantajado. "É preciso manter o peso sob controle. Consultas veterinárias periódicas, no mínimo anuais, são importantes para a realização de exames, como radiografias preventivas", recomenda.
Os tutores devem estar atentos a mudanças sutis no comportamento, como o abandono de hábitos de subir em móveis ou locais altos, o que pode indicar dor nas articulações. Como são animais naturalmente calmos, esses sinais podem passar despercebidos. Por isso, vale redobrar a atenção e garantir acompanhamento veterinário regular, ambiente seguro e alimentação adequada para preservar a qualidade de vida do maine coon.
Segundo Marina, o crescimento da raça é mais demorado. "Eles têm um crescimento prolongado, embora não necessariamente mais lento. Essa raça continua se desenvolvendo até os três ou quatro anos de idade. Nos primeiros seis meses de vida, o crescimento é mais intenso, depois vai desacelerando, mas segue até atingirem seu tamanho e peso finais, por volta dos quatro anos. A pelagem completa também se desenvolve nesse período, marcando a maturidade física da raça."
Mesmo com essa longevidade, o maine coon depende de ambiente adequado para manter-se saudável. "Apesar de sua ligação com os donos, eles não costumam apresentar comportamentos de hiperatividade ou estresse excessivo na ausência dos mesmos. É importante oferecer um ambiente espaçoso, com estruturas para subir e descer, adequadas ao seu porte grande, bem maior do que o de um gato doméstico comum, para se manterem estimulados e saudáveis", acredita.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte