Zé quebrou o quinto metatarso do pé direito quando, ao carregar um saco de cimento, caiu-lhe o fardo sobre o pé. Ninguém o socorreu. Era apenas um operário da construção civil. Depois de horas lembraram-no da existência de um posto do SUS logo ali, a poucos quilômetros do Edifício Paris, onde trabalhava. Teve que ir a pé, a um pé só. Não tinha dinheiro para o táxi e a ambulância solicitada não chegou. Pra que paguei tanto imposto? – se perguntava sem encontrar resposta. Fila, burocracia, e, depois de cinco horas de espera, o atendimento e a marcação da cirurgia para dali a 7 meses. Para depois da Copa do Mundo. Quando menino, Zé tentou estudar e nunca quis jogar futebol. Também nunca sonegou imposto: não tinha renda para tal.