O QUE É A VERDADE
Dagmar Destêrro
Lancei a minha semente
na terra que conquistei.
Com cuidado e água crescente
aquele meu chão reguei.
Esperei com esperança
esse dia que chegou.
Fiz sorriso de criança
quando a plantinha vingou.
Retirei pedras pequenas,
pedras feitas de maldade;
com agudas pontas-penas,
arestas de falsidade.
Adubei com meu amor
o meu pedaço de terra;
pedaço pequeno, sei,
grande, porém, no que encerra.
Arranquei ervas daninhas,
afastei gestos diversos.
De manhã cantei modinhas.
A noite, disse meus versos.
Meu próprio sangue eu usei
para dar à planta alento.
Em muitas noite fiquei
vigilante e ao relento.
No meu chão está plantada.
Lutou, cresceu, prometeu.
Por muitos foi sufocada,
mas reagiu e venceu.
Minha vida é aquele chão,
pedaço da humanidade.
E a semente, simples grão,
é minha própria verdade.