O PROMOTOR GALANTE E VORAZ
Sacristão Paulo Bandeira
Era no tempo do Rei! Do Rei do Maranhão, como a maioria dos brasileiros cognominavam o ex-Presidente José Sarney, vulto mais importante daquele estado, desde a metade do século XX, até os dias atuais.
Corria o ano de 1966, e José Sarney, recém-eleito Governador do Maranhão, saiu em visita às bases eleitorais, para consolidar seu prestígio junto ao povo que o elegera com fantástica vocação, destroçando, para sempre, o domínio vitorinista.
Naquele tempo, a nomeação de juízes e promotores era de livre escolha do Governador, não se exigindo, ainda, concurso público de cada postulante.
Cotam que, para certo município na periferia da Capital, José Sarney nomeara um afilhado político seu, acabado de sair da Faculdade, jovem formoso, solteiro e paquerador, para exercer o cargo de Promotor de Justiça.
Também contam que o jurista, tão logo se instalou na cidade, danou-se a passar tudo quanto é de mulher na cara. Começou pelas raparigas, bandeou-se para as desquitadas, arrastou-se para as solteiras e, finalmente, atingiu seu alvo mais precioso: as casadas!
Virou o terror dos maridos! Falam que isso os atormentou de um tanto que nenhum deles entrava num recinto sem antes se abaixar ao ultrapassa a porta, com medo de enganchar os chifres.
Pois bem, cotam que, nessa Caravana da Vitória, ao chegar no dito município, o Governador, em reunião com os chefes políticos, ouviu as peripécias do Promotor, sendo deles porta-voz o Prefeito, que transmitiu o lamento de todos:
– Governador, que vamos fazer? O mancebo está desonrando nosso lar, nenhuma mulher escapa, dizem que até minha santa esposa já entrou na dança!
Ao ouvir isso, Sarney focou nervoso, deu um forte murro na mesa e berrou:
– PORRA! NESTA CIDADE NUM TEM HOMEM NÃO???
E o Prefeito, com toda a humildade:
– Até que tem, Governador, mas ele só gosta é de mulher mesmo!