O MUTIRÃO
Raimundo Floriano
Na primeira metade dos Anos 80, no alvorecer de um domingo, em viagem para a cidade goiana de Trindade, chamou-me a atenção, logo depois do Posto da Polícia Rodoviária de Goiânia, uma grande concentração de pessoas no que parecia ser um vasto terreno descampado. Como estávamos ainda no lusco-fusco da madrugada, não deu para ver bem de que se tratava.
Pela movimentação de carros e gente, cada vez chegando mais, pensei que aquilo poderia ser os preparativos para a realização de um “festival”, como é chamado o torneio de futebol amador em que concorre um elevado número de times, jogando entre si no mata-mata, até que, à tardinha, há o jogo principal para definir o campeão.
Segui minha viagem fazendo meus planos. Na volta, animaria a torcida vencedora. Para essas eventualidades, sempre carregava meu trombone no porta-malas do carro.
Às 17h, ao retornar, uma surpresa: no local do que eu pensava ser um descampado, havia uma cidade. E toda aquela gente deveria estar abrigada no interior das residências. Mas como é que eu pude confundir aquelas casas com um terreno escalvado? Precisava trocar os óculos! Segui minha viagem para Brasília.
No dia seguinte, as manchetes de todos os jornais do país e os noticiários da TV anunciavam: “Governador de Goiás constrói mil casas num só dia!”.
Senador Íris Rezende: criador do mutirão
Tratava-se do então jovem governador Íris Rezende, que, em sua vida pública, além desse cargo, foi vereador, prefeito, deputado estadual, ministro de Estado e senador.
Como prefeito de Goiânia, nos Anos 60, notabilizou-se pelos mutirões – auxílios gratuitos que prestam uns aos outros os membros de determinada comunidade – para a construção de casas populares, quando se misturava às pessoas comuns e ajudava como se fosse um simples servente. Isso não era novidade. Mas Íris Rezende, naquele domingo, chegara ao extremo de sua ousadia, realizando aquilo a que ele denominou de Mutirão das Mil Casas.
Para isso, contou com a participação de todos os futuros moradores da cidade a construir – homens, mulheres e crianças –, todos distribuídos em equipes com coordenadores que os orientavam. Eram pedreiros, serventes, eletricistas, bombeiros, marceneiros, serralheiros, enfim, operários que, com suas habilidades, levaram o empreendimento ao pleno sucesso.
O povo goiano é solidário e hospitaleiro. De há muito, era costume dos fazendeiros juntarem seus trabalhadores para prestarem auxílio a um vizinho que se encontrava em aperto nos afazeres agrícolas. A esse socorrimento davam o nome de traição, talvez porque chegassem na casa do amigo geralmente de surpresa, a altas horas da noite, com cantos, fogos e muita algazarra. Mutirão, como ação de uma coletividade em benefício de todos, é coisa tirada da cabeça do Senador Íris Rezende.
Desde então, sempre tomei aquele mutirão como exemplo de que nada é impossível, quando se conta com a boa vontade e cooperação das partes envolvidas em qualquer projeto. E foi assim pensando que, também atrevido, comecei, no dia 23 de novembro de 1991, a pôr em execução o preparo dos originais deste meu primeiro livro.
A compreensão, o entusiasmo e a simpatia com que fui agraciado pelos amigos, pelos desconhecidos e pelos dirigentes de órgãos públicos e empresas me deixam vaidoso e extremamente agradecido pelo fato de poder, hoje, enviar este trabalho ao prelo.
Em homenagem e reconhecimento, passo a transcrever o nome de meus valorosos colaboradores.
PESSOAS JURÍDICAS
Senado Federal - Subsecretaria de Arquivo – Forneceu-me as fotos dos senadores Íris Rezende, Mauro Borges e Vitorino Freire.
Câmara dos Deputados - Centro de Documentação e Informação - Coordenação de Arquivo – Forneceu-me as fotos dos deputados Antunes de Oliveira, Delfim Netto, Flávio Marcílio, Gastone Righi, Jorge Cury, Neiva Moreira e Nelson Marchezan.
Câmara dos Deputados - Centro de Documentação e Informação - Seção de Referência – Forneceu-me cópias de perfis parlamentares, biografias e proposições.
Laboratório Santos Maia - Três Corações – Enviou-me a foto aérea de quartel da EsSA.
Laboratório Fotográfico do 12º RI – Enviou-me a foto aérea do quartel.
Laboratório Fotográfico do BPEB – Forneceu-me a foto aérea do quartel.
Conjunto Nacional Brasília – Forneceu-me o trabalho fotográfico de Clausem Bonifácio, com a vista aérea daquele que é o primeiro shopping da Capital Federal.
PESSOAS FÍSICAS
(em ordem alfabética)
Ana Beatriz Rosas – Odontóloga. Enviou-me a foto do sábio Ivannoeh Lopes Rosas, seu pai.
Anderson Braga Horta – Personagem deste livro. Deu-me preciosas dicas sobre editoração.
Antônio Adolfo Pedra Fonseca – Meu sobrinho por afinidade. Descompletou sua coleção da revista Visão, para me agraciar com a página referente a minha coleção de cachaça.
Augusto Braúna – Enviou-me a foto de seu pai, Leonizard Braúna, e a partitura da marcha Balsas Querida, de sua autoria, escrita pelo maestro Anderson José de Matos Silva.
Edilza Virgínia Pereira – Enviou-me a partitura e a letra do Hino de Balsas, de sua autoria.
Elba Souza de Albuquerque e Silva – Minha filha. Estudante de Direito no UniCEUB e Letras–Tradução na UnB. Aos 19 anos, já demonstra um bom conhecimento da Língua Portuguesa. Completou o trabalho do Word na “espanada” caseira deste livro.
Francisco Messias da Costa, da Photo&Digital – Com paciência e esmero, recuperou e digitalizou todas as imagens, padronizando-as em 300 dpi.
Goiano Braga Horta – Realizou a primeira apreciação crítico-gramatical deste livro e escreveu sua orelha, embora não tenha lido o episódio em que é o protagonista.
Jaqueline dos Santos Martins – Violista. Enviou-me a foto do maestro Celso Martins, seu pai.
José Albuquerque e Silva – Meu irmão. Narrou os fatos envolvendo o jogador Conradinho e a Seleção Balsense de Futebol nos Anos 40.
José Gilberto Louzada – Filatelista. Deu-me valiosas informações sobre o assunto de sua especialidade.
Karla Patrícia Lima Cavalcante – Professora de Malhação. Diligenciou para que me chegasse às mãos a foto do colega João Canindé.
Maria Berquó Côrrea Côrtes – Forneceu-me a foto do professor Sebastião Côrrea Côrtes, seu marido.
Maria das Dores Albuquerque e Silva – Minha irmã. Forneceu-me fotos de jumentos paraibanos, usadas pelo ilustrador carioca Rodrigo, que não conhecia essa espécie animal em extinção.
Natanael Rhor da Silva – Meu cunhado. Remasterizou algumas fotos usadas neste trabalho.
Neuber Miranda Ribas – Funcionário da Câmara. Enviou-me a foto do professor Antônio Neuber Ribas, seu pai.
Orlando Tejo – Numa especial deferência, permitiu-me o uso de seus versos no episódio em que é focalizado.
Paulo Viana – Filho do senador Bernardino Viana. Conseguiu-me a foto do 25º BC.
Rita de Cássia Piedade da Silva – Minha sobrinha. Forneceu-me a foto de João Ribeiro e Mariinha, seus pais.
Rodrigo de Souza Furtado – Artista plástico carioca. Vascaíno. Realizou grande parte das ilustrações.
Sabry Falluh – Filatelista e empresário. Orientou-me no episódio sobre a coleção de selos.
Sebastião Corrêa Côrtes: segurança na Orientação
Sebastião Côrrea Côrtes – Filólogo, latinista, poliglota e helenista. Personagem deste livro. Um de meus espelhos na vida. Deu-me orientação segura nos assuntos etimológicos e semânticos.
Silvana Maria Sócrates Teixeira – Professora da Escola de Música de Brasília. Escreveu as partituras do Hino de Santo Antônio e do samba Balsas, Cidade Sorriso, e informatizou as demais peças musicais constantes deste livro.
Tasso Réa Jannuzzi – Coronel do Exército, pioneiro da 6ª Cia. de Guarda. Cedeu-me a foto aérea da Cia. Pol. Ex./11ª RM.
Vera Neves – Forneceu-me a foto de seu pai, Sebastião Neves, com a camisa da Banda da Capital Federal.
Vili Santo Andersen – Enviou-me a foto de seu Chevrolet, embelezada por Cinira, sua jovem esposa.
Violeta da Silva Kury – Resgatou para mim a letra do samba Balsas, Cidade Sorriso e me ajudou a identificar os jogadores da gloriosa Seleção Balsense de Futebol de 1956.
Wesley Souza Santos – Jovem artista plástico brasiliense, tatuador de profissão. Responsável por uma parte das ilustrações.
Willer de Albuquerque Fonseca – Meu primo. Forneceu-me dados relativo ao Mutirão das Mil Casas.
Posso garantir às pessoas – jurídicas e físicas – acima citadas que seu adjutório não ficará em vão; que a força positiva com a qual fui agraciado me dá condições e moral para proclamar a todas as gerações presentes e futuras uma insofismável verdade, aparentemente esquecida:
– Livro também é cultura!
Ao leitor desejo que desfrute de momentos de diversão e bom humor na leitura desta obra. Se os episódios aqui narrados caírem em suas graças, maior prêmio não poderei ambicionar.
Finalmente, desejo a este meu livro uma trajetória segura. Que ele seja manuseado, consultado, em casa ou nas bibliotecas públicas para as quais destinarei exemplares seus.
E que jamais seja vítima da síndrome do Fahrenheit 451 – livro do escritor americano Ray Bradbury, transformado em filme, com a seguinte sinopse: “Num Estado totalitário em futuro próximo, os bombeiros têm como função principal queimar livros e qualquer tipo de material impresso, pois foi convencionado que literatura é um propagador da infelicidade”. Fahrenheit 451 – correspondente a 233 graus Celsius – é uma referência à temperatura ideal para queimar papéis.
Livrem-nos os céus disso!
Nas horas de Deus, amém!