Minha janela aberta para o meu mundo
Manhã de qualquer dia.
Em qualquer lugar, tão logo a vida se dana a tocar mais alto que todos os badalos de todos os sinos rebimbando ao mesmo tempo.
Num mesmo tom e com o mesmo som. Como se fora a abertura de uma ópera. No teatro da vida que existe em cada um de nós.
Blém, blém, blém!
Abro a minha janela. Uma e, depois, a outra.
As duas abertas para o meu mundo, tingido de um acastanhado claro. Mas, meu. São assim as minhas janelas.
O horizonte (meu!) se acastanha e, num mundo só meu, a poesia tem as cores que eu queira dar. Que eu queira pintar. Que eu queira ver. E, quero-o castanho neste momento.
Até um oásis, antes de um verde azulado pela profundidade, se tinge de tons castanhos – como meus olhos. Como meus olhos em janelas de mim mesmo querem ver.
É assim que eu quero ver, desde as minhas janelas recém abertas. Abertas às escâncaras, para um mundo castanho – como meus olhos de janelas abertas para o que antes, no horizonte, era totalmente azul.
O azul que outros olhos viam era azul
As minhas janelas!
Janelas de mim mesmo, que me transformei, tal qual as casas de antigamente, uma porta e duas janelas, numa moradia de coisas boas, pautáveis e paladares.
Coisas acastanhadas!
Como meus olhos, de um tom castanho claro, que consegue, nos momentos de felicidade, “ver a cor do som”. Dar cor castanha ao som.
Janelas de mim mesmo.