O mundo é pequeno, mas a maioria dos homens se julga tão grande, que não se pode andar em direção alguma, sem se correr o risco de pisar nos calos de alguém. Se, porém, ficarmos parados, os que tem pressa passarão por cima de nós e pisarão nossos pés.
Não agradamos a ninguém pela nossa brandura, e jamais agradaremos pelo nosso modo ríspido de dizer a verdade. Temos que dizer sim aos mandões, sob pena de ficarmos antipatizados.
Seja qual for a forma de procedermos, teremos sempre inimigos gratuitos. E não são poucos.
A simplicidade dos bons é vista como idiotice por parte dos esnobes, prepotentes e ambiciosos.
O culto ao dinheiro por parte dos invejosos, faz com que eles sofram, com inveja daqueles que são controlados e não gastam mais do que podem.
As “parcelinhas” do cartão de crédito tiram o sono dos irresponsáveis, viciados em dever.
O pior é que muitos acham que quem economizou e fez um pé de meia, deve abrir mão do que tem, para dar cobertura à irresponsabilidade deles, que sempre gastam mais do que podem, optando pelas coisas supérfluas e deixando as necessárias para depois. Estes planejam sempre tirar vantagem do dinheiro alheio, e no vocabulário deles não existe a palavra “escrúpulo”.
A inveja, o olho grande e a ganância fazem do mundo uma competição. Ninguém perdoa o sucesso de ninguém e as boas qualidades de uma pessoa são ignoradas. Enquanto isso, os defeitos são procurados com lente de aumento, ou lupa.
Há pessoas vaidosas e orgulhosas, que parecem certos pasteis de feira. Tem uma casca crocante e estufada, de chamar a atenção. Mas, por dentro, quase não tem recheio. Um verdadeiro engodo.
Isso me faz lembrar um ditado do tempo da minha avó paterna, D. Júlia: “Por cima, muita farofa, e por baixo molambo só”.
E assim caminha a humanidade.