O arrulhar dos mais gentis pombos e o zunir de abelhas aflitas pelo excesso de mel levam para Bernardo o silêncio de um belo sino a badalar na mais antiga das igrejas do meu povoado. E o filho da filha de dona Dulce, no sigilo misterioso que se contém no bater de asas de uma nuvem colorida de borboletas, olha para mim, ainda sem saber falar, mas já balbuciando a palavra Amor, deixando escapar na ternura de seus olhos a canção de Paz por que tanto lutei. E depois, no calor de um grão de chuva, neblina pouca em uma manhã de sol, sinto na pele o amanhecer do dia ao preparar os meus milhares de colos e berços para receber Bernardo, enquanto começam a surgir as notas da canção que pensei criar e que o desassossego da vida só permitiria compor os primeiros acordes. Mariana dança. Sua mãe sorri. Bernardo agora dorme o sono do ano um, enternecendo minha tarde de domingo. Era 2014, outubro.