Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Marcos Mairton - Contos, Crônicas e Cordéis terça, 24 de setembro de 2019

O EVANGELHO EM CEARÊS – ZAQUEU (Lc 19,1-10)

 

 

EVANGELHO EM CEARÊS – ZAQUEU (Lc 19,1-10)

Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e saiu varando a cidade, duma ponta a outra.

Tinha lá um elemento chamado Zaqueu, que era o manda-chuva dos cabra que cobravam os impostos da mundiça. O bicho tava por cima da carne seca. O problema dele não era dinheiro. Era liga.

E, além de estribado, o tal do Zaqueu era curioso. Quando viu a curriola de gente na rua, fazendo o maior enxame, foi pro meio do chafurdo, pra ver quem era Jesus.

 

Mas Zaqueu era um tronquim de amarrar onça; o chamado tamborete de forró. Desse povo batoré, que senta no fí-de-péda e fica balançando as pernas. Aí pelejava pra ver Jesus, mas não conseguia.

Se Zaqueu fosse algum mamanaégua, abria dos pau era cedo, mas ele era muito mala. Cheio de nó pelas costas. Saiu desembestado e, mais adiante, subiu num pé-de-pau e ficou cubando o movimento lá de cima, esperando Jesus passar.

Só que Jesus, desenrolado que só ele, viu a marmota de longe. Quando foi chegando perto do pé-de-planta onde o Zaqueu tava, disse logo:

— Zaqueu, macho véi! Deixa de fuleragem! Desce daí, que tua mulher te botou foi chifre, não foi asa não! Vai pra casa preparar o rango e o merol, que eu vou com um magote de caba esgalamido passar a hora da janta lá!

O Zaqueu desceu ligeiro, igual um azôgue. Alegre que só pinto em bosta, porque Jesus disse que ia jantar na casa dele.

Quando foi de noite, só se ouvia o leruaite do povo invejoso:

— Olhaí, macho, Jesus foi jantar na casa daquela carniça! Zaqueu veí, sujo que só pau de galinheiro… Diabeisso, macho?

— Sei lá, macho. Eles, que são branco, que se entendam…

Enquanto isso, Zaqueu, que tinha uma vocação danada pra puxa-saco, tentava tirar uma onda pra cima de Jesus;

— Mestre, eu tô pensando em dar metade das minha burundanga pra esses liso aqui da redondeza… Porque eu sou o tipo do cara que, se eu souber que fiquei com alguma coisa de alguém, vou devolver quatro tantos do que eu tenha ficado.

Mas, Jesus, que conhecia de mistério, e não se impressionava com conversa de alma, mostrou logo como é que a banda toca:

— Zaqueu, deixa de conversar miolo de pote! Eu vim na tua casa pra mostrar pra esse povo enxamista que qualquer cabra sem futuro é filho de Deus. Eu quero consertar é o que tá desmantelado mesmo, porque o que tá certo já tá bem feito.

Palavra da Salvação.


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