O ESCRITOR FANTASMA
Raimundo Floriano
A revista Voz Ativa foi idealizada e criada por Vili Santo Anderson, seu editor desde o início, em 1991, até bem pouco tempo. A finalidade era divulgar o trabalho literário dos colegas aposentados, dentre os quais me incluo. Foi um grande incentivo, de tal magnitude que me fez participar ativamente, e a frequência se mostrou tamanha que meu nome passou a constar no expediente da revista como um de seus colaboradores. Começou com 4 páginas, depois com 6, e, na edição de outubro de 20021, saiu com 22. É espaço pra mais de metro!
O tempo passa, o tempo voa, mas certas coisas nem sempre continuam numa boa!
Em 2016, para comemorar meu octogésimo aniversário, escrevi o livro Caindo na Gandaia e, para que os colegas aposentados dele tomassem conhecimento, enviei à Voz Ativa este convite, com a devida antecedência, na vã esperança de que nossa revista o publicaria:
Para meu azar, o Vili já não fazia parte de sua editoria, e a Voz Ativa, baseada em sem lá quais motivos, se recusou a publicá-lo. Como toda ação produz uma reação, solicitei, de imediato, a exclusão de meu nome em seu quadro de colaboradores, no que fui prontamente atendido.
Mas, para minha enorme alegria, Vili e sua jovial Cinira compareceram ao lançamento. Lá no Carpe Diem, ele estranhou a ausência de outros colegas aposentados e ficou perplexo quando lhe expliquei o motivo.
Vili e Cinira não estavam ali apenas para marcar presença, cumprir uma formalidade social, mas sim como velhos amigos conforme mostram as fotos a seguir, nas quais além do registo de praxe, Cinira quis uma pose com meu chapéu de eventos:
O tempo passa, o tempo voa...
Agora, sob nova direção, a Voz Ativa instituiu uma seção denominada Clube do Livro, o que muito me animou:
No intuito de me fazer conhecido pela nova geração de aposentados, enviei à Presidente da ASA-CD meus 5 últimos livros: Do Jumento ao Parlamento, De Balsas Para o Mundo, Memorial Balsense, Pétalas do Rosa, e Caindo na Gandaia, esperando que eles fossem mencionados no tal clube.
Debalde!
Pedra mole em pedra dura tanto bate até que fura, diz o adágio popular. Pois foi assim pensando que enviei à Voz Ativa matéria em louvor ao amigo Vili, intitulada Vili Santo Andersen, o Poeta Esquecidão, almejando que fosse publicada na edição de outubro passado. Vocês poderão acessá-la clicando no link a seguir, ou colando-o em seu navegador:
Novamente, debalde!
Porém, dessa vez a Presidente da ASA-CD se dignou a responder-me, num curto e-mail, do qual pincei teste trecho: “Como já lhe falamos, Fernando inclusive, publicamos comunicado para que os associados poetas enviassem suas fotos para publicarmos na capa da Revista. Vili não entrou em contato.” Aqui, ela me chama de Fernando, demostrando que sou um tanto desconhecido por lá.
Esta pedra mole, todavia, é teimosa. Querendo informar, urbi et orbi, meu estado de saúde, enviei à Voz Ativa, ainda em tempo de sair na edição de outubro, lançada em meados de novembro, esta mensagem:
Pra varia, debalde!
Dia desses, minha Fisioterapeuta me fez esta interrogação:
– Seu Raimundo, o senhor já sentiu a dor fantasma?
Estranhei o termo, mas ela me explicou:
– É a dor que se sente num membro amputado!
Aí, eu respondi:
– Sim! Tem dia que esse ex-dedinho coça, arde e dói, como se ainda existisse!
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Pois bem, para a Voz Ativa, sou um membro amputado que coça, arde, dói, assombra, enfim, um escritor fantasma!