O ENTERRO DO TARMENTO
Raimundo Floriano
Circo com o mastro empinado - Acervo Google
Dia desses, Chico Fogoió me ligou lá de Teresina só pra conversar miolo de pote e também relembrar algumas passagens engraçadas que presenciamos ou delas tomamos conhecimento. Dentre tantas, esta foi digna de nota.
– Mundinho, toda vez em que eu vejo um circo armado, me alembro daquela tragédia que o falecido Tira-Teima, nosso amigo, poeta e improvisador contava, e dum jeito que não tinha quem não risse!
– E qual era, Chico?
E o Chico me avivou a memória:
Um cara, que tinha o apelido de Tarmento – mistura de Tarzan com jumento –, morreu devido a tremenda crise e priapismo.
(Você sabe o que é priapismo? Não sabe, então consulte o Aurélio antes de continuar, até porque eu e o Chico não gostamos de falar nem de escrever palavras chegadas para o obsceno.)
No velório, embora todos tivessem o cuidado de camuflar a causa-mortis, cobrindo o defunto com um lençol, o corpo do dito cujo parecia a lona dum circo, com aquele imenso mastro no meio do corpo apontando para o alto.
Na hora de fecharem o caixão, cadê da tampa se encaixar? Ficou lá enriba do priapo, balançando, feito uma gangorra.
Aí, um dos presentes, já meio alto da cana que tomara em homenagem ao amigo morto, saiu-se com esta ideia:
– O jeito é serrar-lhe o que esta sobrando!
– E jogar fora? Mas como? Faz parte do corpo do extinto! – alguém ponderou.
E o bêbado achou logo achou a solução:
– É só serrarem-lhe o possuído e enfiar-lhe fiofó adentro!
Assim procederam.
Quando fizeram a introdução, sem vaselina nem cuspe, correram duas lágrimas dos olhos do falecido.
Aí, a viúva que, calada, a tudo assistia, não se conteve e falou:
– Eu não te dizia, Tarmento, que doía pra c@r@lho!