Enquanto aguarda o dia da posse, Jair Bolsonaro deveria limitar suas incursões pela política externa a assuntos efetivamente urgentes. Figura nessa categoria, por exemplo, a questão da Venezuela ─ e por vários motivos. O país vizinho é flagelado por uma ditadura ainda em trabalho de parto, a economia está em adiantado estado de decomposição, multidões de venezuelanos cruzam diariamente a fronteira com o Brasil e os direitos humanos são tratados a pauladas, fora o resto. Os governos do PT foram comparsas de Hugo Chávez e Nicolás Maduro na montagem da tragédia. Cumpre ao novo governo fazer o contrário do que fizeram os arquitetos desse crime histórico.
Se o drama venezuelano requer ações urgentes, outras questões podem esperar mais tempo. Não faz sentido, por exemplo, anunciar a transferência da embaixada brasileira em Israel de Telavive para Jerusalém sem antes examinar, cuidadosamente, os possíveis efeitos da decisão sobre as relações entre o Brasil e os países árabes. Tampouco faz sentido escorregar em palavrórios que ameacem a estabilidade das relações com a China, país que se tornou o principal parceiro comercial do Brasil. Essas trapalhadas equivalem a atravessar a rua para pisar a casca de banana estendida na calçada do outro lado.
Muito mais relevante é concentrar-se no sepultamento da política externa da canalhice, adotada pelo Brasil enquanto Lula e Dilma estiveram no poder. Para tanto, basta que o presidente eleito determine ao Itamaraty que subordine suas ações não a preferências ideológicas ou parcerias cafajestes, mas aos interesses nacionais.
Dilma na posse de Maduro
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PROPOSTA INOCENTE
Boulos explica que exortar bandos de fanáticos a invadirem residências alheias é uma grande brincadeira
“Olha, eu vou dizer pra vocês, o MTST ocupa terreno improdutivo. A casa do Bolsonaro não me parece uma coisa muito produtiva”.
Guilherme Boulos, líder do MTST, durante um ato a favor de Fernando Haddad em 10 de outubro, animando os militantes que gritavam “o Bolsonaro, presta atenção, a sua casa vai virar ocupação”.
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“Bolsonaro citou-me nominalmente por ter, segundo ele, ‘ameaçado invadir sua casa’. Não é verdade. Valeu-se de uma ironia que fiz em uma manifestação e que todos que lá estavam ou assistiram assim notaram“.
Guilherme Boulos, líder do MTST, num artigo neste domingo na Folha, explicando que incitar fanáticos a invadirem casas alheias é uma grande brincadeira.
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COMO É QUE É?
Haddad mostra que continua grogue com a surra nas urnas que lhe foi imposta pelo eleitorado brasileiro
“Se o conceito de democracia já escapa a nossa elite, muito mais o conceito de república. O significado da indicação de Sérgio Moro para Ministro da Justiça só será compreendido pela mídia e fóruns internacionais.“.
Fernando Haddad, ex-candidato derrotado do PT à Presidência da República, no Twitter, querendo dizer alguma coisa que só a mídia e fóruns internacionais sabem o que é, confirmando que continua grogue com a surra nas urnas que lhe foi imposta pelo eleitorado brasileiro.