O ELOGIO DA ESPERANÇA
Olegário Mariano
Forasteira de Alem!.. . Tu que as azas espalmas
Pelo céo tropical como o Arco-da-Alliança,
Guardas todo o consolo e o carinho das Almas,
E és sempre a mesma, sempre! Esperança! Esperança!
Triste embora, no olhar tens expressões tão calmas,
Tão cheias de languôr e és tão boa e tão mansa,
Que mal vens a cantar, piedosamente acalmas
A Dor do Mundo, a Dor sem bemaventurança.
Alta noite te espero e ouço um rumor em torno;
E's tu; na procissão das nevoas que te enlutam
Chegas; brilha na sombra o teu leve contorno.
Cantas; ouço-te a voz diabólica e bizarra,
Com a mesma adoração com que as folhas escutam
Nas arvores títans a Canção da Cigarra.