21 de junho de 2020 | 05h00
A coragem para manter seu próprio negócio é, muitas vezes, a mais desafiadora. Li, certa vez, que, como toda a virtude, a coragem só existe no presente. Ter tido coragem não prova que se terá nem mesmo que se tem. Sendo assim, estamos todos na mesma página em tempos de quarentena. Se fomos ou não corajosos, agora, teremos que, novamente, decidir por ser ou não na vida pós-pandemia, para continuar ou recomeçar nossa vida profissional.
No mercado da moda, a compra de roupas é, claro, um bem não essencial. Esse mercado altamente impactado precisará não só da sua conhecida criatividade, mas também da coragem para continuar e se reinventar. Exemplo dessa atitude, a estilista de vestidos de festa Lethicia Bronstein continuou a trabalhar durante seu isolamento na quarentena, tomando, claro, todos os devidos cuidados. Mesmo assim, foi julgada. “Não parar a minha vida profissional parecia errado para muitos, mas eu precisava manter empregos e fornecedores, fazer girar meu negócio e a economia. Uma cadeia inteira dependia de mim e da marca; parar não seria a melhor opção”, explica a carioca. Ela, que já vestiu a cantora Jennifer Lopez e a atriz Megan Fox (além de ter seus vestidos de festa disputados também por celebridades nacionais, entre elas Izabel Goulart, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares), decidiu agir. Depois desse primeiro ato de coragem, Lethicia, que teria um lançamento uma semana após o fechamento do mercado pela quarentena, foi rápida para finalmente colocar o e-commerce da grife em pé. Em vinte dias, “para não perder o dia das mães”, diz ela, repensou seu negócio, voltado para a alta-costura e vestidos sob medida, para se lançar em um sonho antigo: uma coleção prêt-à-porter, feita de roupas prontas para vender. Em meio à quarentena, surgia um novo negócio. Chamada Pietra, a grife de roupas casuais nasceu para ser vendida em seu novíssimo e-commerce. “Não sei quando as festas e os casamentos (como costumávamos ter) vão voltar a acontecer. Eu precisava me reinventar, sou uma pessoa racional e entendi que tinha que agir e fiz”, conta ela, com o otimismo característico dos empreendedores. Ela afirma ter tido medo, claro, mas que não se rendeu a ele. Sempre escutou que, em momentos de crise, oportunidades aparecem – então, era chegada a hora.
Conseguir ter a visão de que uma mudança era necessária e agir com rapidez fizeram a diferença para que seu novo negócio estivesse, agora, em pleno funcionamento.
Segundo Rony Meisler, fundador e CEO do Grupo Reserva, que teve 113 de suas lojas fechadas durante a quarentena, o maior ato de coragem nesse momento foi o de não demitir ninguém. “A decisão foi difícil, pois toda empresa precisa de caixa, ainda mais em períodos como esse. Mas a decisão foi tomada e a equipe, em reconhecimento, colocou todo o empenho para nos ajudar a reinventar o negócio, estou feliz com a nossa decisão”, afirma. Rony acredita que o medo é o oposto do amor. “O amor traz força e intensidade, o medo trava e paralisa, não nos deixa viver. Sempre fui uma pessoa criativa, mas ideias sem a coragem de realizá-las não fazem a diferença.” Aproveitou o momento mundial para colocar muitas de suas ideias em teste e seguiu analisando a possibilidade real de cada uma delas se tornar viável. “A vaidade de acertar sempre tem que ficar de lado”, diz. “Errar faz parte.” Entusiasta do universo digital e de suas possibilidades, lançou durante a quarentena a plataforma reserva.ink, que, em cinco passos, ajuda qualquer empreendedor de qualquer parte do Brasil a montar sua própria marca de camisetas na internet, usando toda a infraestrutura de logística, fornecedores e emissão de nota fiscal do Grupo Reserva, com o pagamento de um valor fixo. “É um novo negócio, mas também faz parte da cultura da empresa.”