Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Carlito Lima - Histórias do Velho Capita sábado, 29 de abril de 2017

O CUNHADO

Beth, Sofia e Gina eram três moças bonitas, seus pais colocaram esses nomes em homenagem às artistas de cinema: Elizabeth Taylor, Sofia Loren e Gina Lolobrígida. As meninas não perdiam em beleza para as três celebridades da época. Moravam em Jaraguá perto da Igreja Nossa Senhora Mãe do Povo. Quando desciam para a praia da Avenida da Paz, nós, jovens ratos de praia, interrompíamos o futebol, a bola parava para apreciar a chegada daquelas magníficas moças, fonte de inspiração dos tarados, que dentro d'água se possuíam na intenção de gostosas musas.

 

 

Acontece que elas tinham um irmão mais velho, alto, forte, sua musculatura mantida por duros exercícios contrastava com o cérebro, do tamanho de uma ervilha. Sebastião era conhecido por sua valentia, aliás, por suas brigas. Era o maior arruaceiro do bairro e da zona das raparigas de Jaraguá. Certa vez brigou com quatro policiais, foi preso, espancado. Passou a detestar qualquer tipo de polícia. Ele tinha um afeto e ciúme pelas irmãs, doentio. Partia para briga quando alguém chamava alguma irmã de gostosa.

Epaminondas, estudante de medicina, encantou-se com a mais nova. Com a permissão do cunhado começou a namorar com Gina. Namoro decente como era naquela época, mão na mão, em vez em quando um beijinho. Sempre com a fiscalização ostensiva de Sebastião. Certa noite, depois do namoro comportado, ao voltar para casa, uma moça mal falada isto é, que gostava de um amor mais avançado, provocou Epaminondas que prontamente entrosou-se com ela, colocou-a no jipe, terminou numa noitada estacionado no Posto de Salvamento da praia do Sobral.

Epaminondas estava feliz, todo dia namorava com sua amada Gina, depois ia deslanchar com Julieta no jipe ao carinho da brisa do mar.

Certa noite Beth, a cunhada, viu Epaminondas apanhar Julieta para mais uma seção de exercícios no jipe. Na noite seguinte quando Epaminondas chegou na casa de Gina, ela estava uma fera, namoro acabado, não admitia ser trocada por uma vagabunda. Nesse momento Sebastião apareceu arregaçando as mangas da camisa, com cara trancada, falando alto que irmã dele não levava chifre. Epaminondas na hora tomou um susto, brigar com Sebastião, era apanhar na hora, levaria uma surra histórica. Com presença de espírito, ele convidou Sebastião para tomar uma bebida e conversar, tentação irresistível para o arruaceiro, que vivia sem dinheiro. Foram para um bar por perto, desceram cerveja, pinga e tira-gosto. Epaminondas explicou que Julieta era só para se divertir, ele gostava mesmo de Gina, namoro para casamento e coisa e tal. No campo da astúcia Epaminondas ganhava tranqüilo do mastodonte.

Foi uma noitada de muita bebida, passaram por sete bares diferentes. Sebastião onde chegava provocava alguém, a sorte é que os provocados tiravam o corpo fora.

Mias tarde, Sebastião já na maior amizade com Epaminondas, só o chamava de cunhado, inventou de dar uma volta nos cabarés de Jaraguá. Epaminondas acabou concordando, partiram para gandaia.

Ao passar no final da Avenida da Paz, Sebastião pediu para parar o jipe. Saltou, dirigiu-se a um policial militar que fazia ronda. Epaminondas não acreditou no que via, Sebastião deu três murros no policial deixando-o no chão, deu ponta pé, recolheu o capacete e correu para o jipe.

Epaminondas assustado deu partida e por insistência parou na Boate Alhambra. Sentados em uma mesa Sebastião colocou o capacete em sua cabeça. Pediram cachaça e duas raparigas. Depois da primeira dose Epaminondas conseguiu tirar o capacete da cabeça do cunhado, colocou-o embaixo na mesa, estava apreensivo com aquela maluquice.

Certa hora Epaminondas foi ao sanitário. Ao retornar percebeu a confusão, seis policiais xingando Sebastião, todos falando alto. Saiu do banheiro sem ser percebido, desceu a escada íngreme de um salto. Teve sorte, não havia policial no jipe, conseguiu chegar em sua casa na Avenida da Paz.

No outro dia, soube do acontecido, o cunhado brigou com os seis policiais, levou muita pancada, amarraram o arruaceiro, levaram preso para 2ª Delegacia, onde deram uma surra inesquecível.

Epaminondas é quem esqueceu a bela Gina, passou muito tempo sem passar perto da Igreja Nossa Senhora Mãe do Povo. Evitou pelo resto da vida encontrar-se com Sebastião, seu ex cunhado, o maior arruaceiro da paróquia de Jaraguá.

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