No mundo do entretenimento, o circo ocupa uma posição privilegiada entre todas as formas de diversão existentes. Mesmo em tempos de rádio, TV e internet essa antiga arte ainda atrai a atenção de muitos espectadores. Circulando por espaços da cultura erudita e popular, a arte circense impressiona pela grande variabilidade de atrações e o rico campo de referências culturais utilizado.
Antigamente, o espetáculo circense no Brasil era apresentado em duas partes. Na primeira, acrobacia, malabarismo, trapézio, animais como o elefante, o leão, tigre, onça, macacos e cavalos de raça, números musicais, bailados e palhaços. Na segunda parte, era encenada uma peça teatral de autor nacional ou internacional.
Certa vez, chegou a uma capital nordestina, um dos melhores circos do Brasil, o Grande Circo Continental. O espetáculo, além das atrações de praxe, apresentava diversos animais, como o elefante, o leão, o tigre, a onça, macacos e cavalos de raça nobre.
Num domingo à tarde, Maria Pia foi com Zezinho, o filho de oito anos, assistir ao espetáculo para atender ao pedido do filho, ansioso para ver os animais. Antes de entrarem para se sentar nos poleiros, onde o ingresso era mais barato, a mãe deu uma volta com o filho ao redor do circo, para que ele visse de perto os animais enjaulados.
O menino se empolgou com aquele espetáculo à parte e fez muitas perguntas à mãe sobre a vida daqueles animais.
Distraída, respondendo às perguntas do filho, Maria Pia deixou a bolsa cair do seu braço, bem perto da jaula do elefante. Num minuto, o animal estirou a tromba e alcançou a bolsa, engolindo-a completamente.
A mulher pediu socorro aos seguranças do circo, e disse que queria sua bolsa de volta, pois ali estavam a chave da sua casa, o dinheiro da pipoca, carteira de identidade, e outras coisas mais.
Um dos em pregados do circo, que cuidava dos animais, pediu que ela se acalmasse, pois naquele momento estava sem jeito. O elefante tinha comido a bolsa, com tudo o que tinha dentro.
O dono do circo, ao saber do ocorrido, ficou indignado com os empregados, por não terem impedido a mulher de se aproximar das jaulas dos animais. O elefante estava correndo risco de morte, pois sua alimentação não incluía bolsas de nenhuma espécie.
Segundo o biólogo americano Samuel Wasser, professor da Universidade de Washington, em Seattle (EUA), os elefantes expelem, em média, 90 quilos de fezes por dia.
A mulher, muito religiosa, pediu a Deus e a São Francisco de Assis, protetor dos animais, para que o elefante “descomesse” sua bolsa com tudo o que tinha dentro dela, principalmente a chave da casa.
O espetáculo terminou e a dona da bolsa voltou pra casa com o filho Zezinho, arrependida, desde o dia em que nasceu, de ter ido ao circo. O menino também estava sem graça, com o ocorrido.
No dia seguinte, a mulher foi falar com o dono do circo, para saber se o animal tinha “descomido” a bolsa, ou se tinha morrido de indigestão.
Irritado, o dono do circo perguntou à mulher o que havia na bolsa, pois o elefante estava passando mal, gemendo alto e sem poder evacuar. Ao saber do conteúdo da bolsa, o dono do circo ficou mais preocupado ainda, pensando na despesa que iria ter e a burocracia que teria que enfrentar, para enterrar o elefante, em caso de morte.
A dona da bolsa ficou penalizada e imaginou a quantidade de fezes que um elefante devia produzir por dia. Mesmo enojada, precisava ter sua bolsa de volta.
A mulher, vendo a aflição do dono do circo, com medo que o elefante fosse a óbito, avisou-lhe que dentro da sua bolsa havia uma caixa de diazepam, um tranquilizante muito forte, que ela sempre tomava. O remédio, com certeza, teria um efeito benéfico sobre o elefante. Ele iria relaxar, e logo iria “descomer” a sua bolsa, sã e salva.
Ledo engado. O caso complicou e o elefante precisou ser submetido a um procedimento cirúrgico, para retirada de um tumor fecal.
O dono do circo gastou um dinheirão, para salvar a vida do animal empanzinado.. A bolsa de Maria Pia se misturou com as fezes, ficando irreconhecível.