Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária domingo, 26 de fevereiro de 2017

O CARNAVAL DAS PALAVAS

Nelson Motta

Se a polêmica é com a palavra “mulata”, até dá para discutir. Alguns amigos negros e mestiços a consideram racista e pejorativa. Tim Maia a detestava, se orgulhava de negro e dizia que mulato era cor de mula quando foge.

 

Nos Estados Unidos não existe: ou é branco ou é negro. Mas se o caso for a marchinha imortal que há 85 anos é cantada e dançada com alegria por brancos, pretos e mulatos, o papo é outro.

“O teu cabelo não nega” é, antes de tudo, uma exaltação às mulheres mestiças, começando pelo título brincando com o cabelo crespo e o liso, gozando as que o alisavam a ferro quente para disfarçar a negritude. O autor gostava do cabelo crespo, é como se dissesse “não negue a raça, fique com seu cabelo como é, é dele que eu gosto”.

Na época, eram os racistas que diziam que a cor da pele era “contagiosa”, mas o autor da marchinha nega, e mais, quer o amor da mulata! Quem quer o amor de quem despreza?

É um alegre tributo à negritude e à mestiçagem de que é feita a nacionalidade. Em um contexto histórico.

“Pancadão”, nos anos 30, era gíria para mulher bonita e gostosa, e os que a inventaram, dessa cor, com esse cabelo e esse suingue, foram os portugueses e os africanos, que no final da música a disputam em “concorrência colossal”, os lusos do Vasco da Gama e os marinheiros pretos do Batalhão Naval.

“Tens um sabor bem do Brasil/Tens a alma cor de anil/Mulata, mulatinha, meu amor/Fui nomeado teu tenente interventor.”

É um deboche com a ditadura de Getúlio Vargas, que foi levado ao poder pelo golpe militar de 1930 e se tornou ditador, nomeando tenentes golpistas como interventores estaduais em substituição a quase todos os governadores.

Finalmente, a marchinha foi criada pelos compositores pernambucanos João e Raul Valença, em 1929, e Lamartine Babo a ouviu no Recife e gostou tanto que fez algumas modificações e a lançou com espetacular sucesso no carnaval de 1932, como se fosse sua. Os Irmãos Valença chiaram e partiram para a briga, e Lamartine teve que incluí-los na parceria. Para não deixar dúvidas quanto às suas intenções, os irmãos Valença eram, com todo o respeito, mulatos.

 

 


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