Na antena esquerda da borboleta amarela, no quadro dependurado na varanda do primeiro andar da casa de Gravatá, mora um besouro pequenino. Ali, ele achou de fazer sua minúscula casinha. Lá está ele, feliz, apesar de solitário. Tempos atrás, ao lado, fez-lhe companhia, certamente por inveja de tão privilegiado lar, um casal de maribondos, tão pacíficos quanto seu vizinho. Nunca nenhum deles aperreou o plácido besourinho, companheiro da paz e inimigo dos malfazeres. Foi respeitado o seu direito de viver em Paz. Tudo acumpliciado pelo olhar terno de minha Pata-de-Elefante. E assim viveram, besouro e maribondos, estranhos ao que acontecia fora de seus mundos tão diferentes e iguais, saboreando profanos mistérios e absorvendo sagradas descobertas de respeito mútuo entre eles, com mais raciocínio e inteligência que nós, humanos, doidos por uma briguinha, loucos por uma guerra. Acho que São Francisco de Assis, que me protege e a minha casa vela, é o responsável por esse clima de união. Certamente o Santo Chico, o Santo dos bichos, também é protetor de besouros e maribondos. Eles, o Santo, minha Pata-de-Elefante, o besouro e os maribondos, nos ensinam que a Paz é possível.
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