Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários sábado, 21 de outubro de 2023

O AVARENTO (CRÔNICA DE CÍCERO TAVARES, COLUNISTA DO ALMANAQUE RAIMUNDO FLORIANO)

 

O AVARENTO

Cícero Tavares

Após um dia de trabalho intenso e cansativo com muitas corridas com a UBER, o ex traxista João da Silva resolve parar e recolher o carango para descansar e no dia seguinte pegar no batente cedo.

Chega a casa por volta das duas e meia da madrugada. Dá um beijo na mulher que o aguardava acordada. Toma um banho, janta, descansa um pouco em frente à televisão assistindo a um show de Bob Dylan – (Bob Dylan – Across The Borderline) (Live at Farm Aid 1986), de quem é fã incondicional. Cansado, pega no sono no sofá e depois desperta, se levanta e recolhe definitivamente à cama.

Mal se deita, o celular toca. Era um morador da mesma rua o chamando às pressas para socorrer a filha para uma UPA, que estava passando mal, com muita febre e vômito. O “ubeiro” não titumbeou um segundo, disse que sim e, cansado do jeito que estava, vestiu a mesma roupa com que trabalhou o dia inteiro e disse não ter problema. Mandou que o vizinho entrasse no carro às pressas com a filha e a esposa e “cantou” os pinéus.

Quando retornou da UPA com o vizinho e a filha já recuperada do mal-estar e medicada, o dia já havia amanhecido. Cobrou do vizinho apenas o valor da corrida, que ficou no “pindura” para ser pago no final do mês.

Dias depois, o “ubeiro”, precisando de umas vinte máscaras para trabalhar numa empreitada que havia firmado com um hospital para carregar paciente, sabendo que a esposa do vizinho, a quem havia prestado socorro à filha, era enfermeira de hospital e poderia conseguir as antefaces, procurou-o e contou-lhe da necessidade das máscaras. Prontamente o vizinho arranjou, mas quando o “ubeiro” lhe foi agradecer pelo “presente” ofertado, o vizinho “mala” advertiu:

– Não! Não! Não! Não! Não, amigo!

– Você não entendeu! Essas máscaras que eu estou lhe passando, custa um real cada uma! Portanto, como na caixa tem vinte, são vinte paus a caixa! Aqui está a caixa com as vinte máscaras, mas a entrega só será concretizada mediante o pagamento dos vinte “mangos!” Morou??!!!

Até hoje o “ubeiro” João da Silva não compreendeu a atitude tacanha do vizinho, avareza sem tamanho, a quem lhe havia prestado um grande favor meses antes, levando à filha a uma UPA sem cobrar nada em troca.

Bob Dylan – Across The Borderline (Live at Farm Aid 1986)

 


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