O ASSASSINATO DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI (FOLHETO DE MANOEL MESSIAS BELIZÁRIO NETO)
O ASSASSINATO DA JUÍZA PATRÍCIA ACIOLI
Manoel Messias Belizário Neto
Peço a justiça divina
Para vir me abençoar
Me trazendo inspiração
No que me ponho narrar
Já que a justiça da terra
Estou ciente não há.
Porque, leitor meu, enquanto
Existir corrupção,
Má vontade, indiferença,
Falsidade, omissão
Será o fundo do poço
O futuro da nação.
Leitor amigo confesso
Que estou indignado
Vendo esta situação
A qual chegou nosso Estado
A morte dessa juíza
Deixa o Brasil revoltado.
Patrícia Acioli era
Magistrada destemida.
Honrava o cargo que tinha
Tendo o certo por medida.
Nem que pra isso pusesse
Em risco a própria vida.
Atuava em São Gonçalo
Lá no Rio de Janeiro.
Os bandidos a temiam
Por seu trabalho certeiro
Gente honesta como ela
Atrapalhava o “vespeiro”.
Ali ela magistrava
Contra o crime organizado
Que envolvia a milícia
Crescente à sombra do Estado
Que é corrompido por quem
Devia ser respeitado.
Por agir corretamente
De forma determinada
Para erradicar o crime
Sem se intimidar com nada
A magistrada começa
A se ver ameaçada.
Por isso a juíza envia
À instância competente
Um documento pedindo
Segurança urgentemente,
A mesma foi atendida,
Mas depois foi diferente
Porque em 2007
O injusto tribunal
De justiça suspendeu
A segurança total
Tratando a situação
Como um caso banal.
O injusto tribunal
De justiça só podia
Fingir não saber daquilo
Que todo mundo sabia:
A execução de Patrícia
Logo, logo ocorreria.
Porque as tais ameaças
Todo o mundo conhecia
As notícias pelos sites
Ressoando sinfonia
De uma morte iminente
Só o tribunal não via?
Porém a prova cabal
De que o órgão (in)competente,
De que o injusto tribunal
De justiça era ciente
Foram dezenas de ofícios
Entregues anteriormente.
Nos ofícios a juíza
Parecia implorar
Por proteção, mas porém
Mais parecia falar
Sozinha e o tribunal
Fingindo não escutar.
A juíza então andava
De forma desprotegida
Esperando que um dia
Pudesse ser atendida
Pelo injusto tribunal
Que não lhe dava saída.
Até que num certo dia
Ocorreu o esperado
Patricia ao chegar em casa
Teve o carro rodeado
Por um grupo de bandidos
Muito bem municiados.
Foi então covardemente
Que ela foi assassinada
Por omissão da justiça
Que mesmo sendo avisada
Botou a venda no rosto
E preferiu fazer nada.
Isto é um absurdo
Para o nosso país
Como é que pode ser
Bandido matar juiz?
É, ninguém está seguro,
Nesta nação infeliz.
Se até juiz é morto
Como fica o cidadão
Comum que só tem a sorte
E Deus como proteção.
É, ninguém está seguro,
Nesta infeliz nação.