SEGUNDA EDIÇÃO DE
“O ADVOGADO, O DIABO E A BENGALA ENCANTADA”
Marcos Mairton
Ficou pronta ontem, impressa pela
Editora Queima Bucha, de Mossoró-RN, a segunda edição do meu cordel “O ADVOGADO, O DIABO E A BENGALA ENCANTADA”.
Mantive a xilogravura da capa original, um desenho de Cosmo e xilogravura de Airton, da Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte.
É uma alegria ver, esse que foi o meu primeiro cordel publicado, ser impresso novamente, para se espalhar pelo mundo, levando a Literatura de Cordel a tanta gente.
Esta, aliás, tem sido uma semana de muitas alegrias.
Primeiro, recebi a notícia de que meu livro “UMA SENTENÇA, UMA AVENTURA E UMA VERGONHA; e outras poesias de cordel” está esgotado. Vou deixar alguns exemplares na
Livraria Oboé, em Fortaleza, mas meu estoque também está no fim. Já falei com Gustavo Luz, da Queima Bucha, para fazermos uma segunda edição o mais rápido possível.
Depois, meu amigo,
Rouxinol do Rinaré me enviou a primeira prova do meu primeiro cordel infantil, que está sendo ilustrado por
Rafael Limaverde e editado pelo
IMEPH. As ilustrações estão ficando muito boas. É difícil controlar a ansiedade para vê-lo circulando. Mas, é preciso aguardar. Ainda não posso revelar o título, mas trata de tema ecológico e deverá estar pronto ainda este ano.
A poesia foi apresentada inicialmente na abertura do V ENCONTRO DE JUÍZES FEDERAIS DA 5ª REGIÃO, no dia 08 de outubro de 2007, em Natal-RN. Naquela ocasião, estava presente o professor italiano Mario Losano, então aproveitei para fazer a seguinte brincadeira:
Una parola speciale
Per il dottore italiano,
Chi ha parlato qui, per noi,
Chi è venuto dal lontano.
Molte grazie, professore.
Sono un tuo admiratore,
Auguri, Mario Losano.
Mas, vamos à poesia:
POESIA E MAGISTRATURA
Marcos Mairton
Certa vez, fui perguntado
Sobre como eu conseguia
Dedicar-me à poesia
Sendo eu um magistrado.
Vivendo tão ocupado,
Com as questões do Direito,
Como é que dava jeito
Para escrever rimando,
E também metrificando,
Fazendo verso perfeito?
Eu, antes de responder,
Calado, pensei assim:
Quem pergunta isso pra mim
Não conhece o “métier”
De quem tem que resolver
Toda sorte de conflito.
Que de perto escuta o grito
Da nossa sociedade,
Clamando por igualdade,
Pedindo pena ao delito.
Ser poeta e ser juiz
O que há de estranho nisso,
Pra quem tem o compromisso
De ouvir a parte o que diz?
Que vê o olhar feliz
De quem ganhou a questão
E tem a satisfação
De sentir que fez Justiça
Reparando a injustiça
Que atingiu o cidadão?
Eu penso que a poesia
Está em todo lugar,
E quem vive a julgar
A encontra todo dia:
Quando o parquet denuncia
Quando o réu faz sua defesa
Quando a polícia traz presa,
Gente por ela detida,
É a poesia da vida
Que me chega de surpresa!
A poesia aparece
Quando o advogado
No pedido formulado
Diz: - Doutor, ela merece,
Todo dia sobe e desce
A ladeira da “Queimada”
Carregando uma enxada
Para trabalhar na roça
Não é justo que não possa
Ser agora aposentada.
A poesia é presente
No olhar do acusado
Seja quando é culpado,
Seja quando é inocente.
Na testemunha que mente,
E na que fala a verdade.
Na imparcialidade
Que todo juiz queria.
Veja quanta poesia
Em nossa realidade.
Por isso eu acho normal
Que todo bom magistrado
Venha a ser considerado
Poeta em potencial.
Incorre em erro fatal
Quem quiser fazer sentença
Somente com o que pensa
Sem revelar o que sente.
Um juiz desse, é urgente
Que se afaste, de licença.
Tulio Liebman lecionava,
Que a sentença é assim,
Vem de “sentire”, em latim,
E, dessa forma, ensinava:
Que na sentença se grava
Não somente o pensamento,
Mas também o sentimento
Do juiz que a profere.
Que ninguém desconsidere
Esse grande ensinamento.
Se o poeta, realmente,
Não é mais que um “sentidor”.
Que chega a sentir que é dor
“A dor que deveras sente”,
Juiz não é diferente
Quando cumpre sua função.
Mesmo quando a decisão
Em versos não se transforma
Na aplicação da norma
Há uma carga de emoção.
Fique tranqüilo, portanto,
Meu colega, magistrado,
Se, agora, aí sentado,
Lhe surpreender o pranto.
Pois não será por encanto,
Magia ou maldição.
É só manifestação,
Que nesse instante sentiste,
Do poeta que existe
Dentro do seu coração.