Escureço-me
e me faço bonito pra chover.
Sou nada suspenso no ar
precipitando-me até virar nuvem.
Vapores e partículas de gelo
enfeitam o céu
fazendo e desmanchando bichos no alto azul.
Elefantes, jacarés, em breve instante,
passeiam lá no alto
antes de se trasformarem em girafas e em nada.
Neblino.
O ar resfriado me faz líquido
e então gotejo e viro água.
Pinto de verde o chão
e assisto à parição de frutos doces.
O que era semente vira alimento.
Lavo sonhos e enxaguo mágoas.
Águas sou.
Tempo líquido de um quase inverno.
Sou chuva.