NOTURNO (POEMA DO PIAUIENSE DA COSTA E SILVA)
NOTURNO
Da Costa e Silva
Estava a sonhar contigo, Mas acordo de repente... Ouço bater ao postigo Lentamente...longamente...
Penso que és tu, morta ausente, Que voltas ao teu abrigo.
Corro, impaciente, à janela. Olho a noite. Ermo profundo... O vento frio e iracundo As árvores arrepela...
E eu pergunto às sombras: — E Ela? Não voltará mais ao mundo?
O chão de folhas se junca Ao vento que as solta e leva... E ouço, em silêncio, na treva: — Quem morre não vem mais nunca.
O CORVO de Poe se ceva, Cravando-me a garra adunca.
— Ai! que saudade! — Maldigo A vida, triste e descrente: — Se eu dormisse eternamente... E volto a sonhar contigo.
Bate o vento no postigo... Cai a chuva lentamente...
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