Primavera no deserto de Atacama
A escola de antigamente ensinava. A de hoje, apenas faz de conta. Quer números, quer ranking, quer justificativas para as dotações orçamentárias – e estaciona na mentira. Muitos dos que ensinam (ou dizem fazer isso) não sabem sequer para si próprios.
Pois, ainda na escola antiga, aprendi que são quatro as “estações” climáticas no ano, assim:
Estação do ano é uma das quatro subdivisões do ano baseadas em padrões climáticos. São elas: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Inicialmente o ano era dividido em duas partes: 1 – O período quente (em latim: “ver”): era dividido em três fases: o Prima Vera (literalmente “primeiro verão”), de temperatura e humidade moderadas, o Tempus Veranus (literalmente “tempo da frutificação”), de temperatura e umidade elevadas, e o Æstivum (em português traduzido como “estio”), de temperatura elevada e baixa umidade; 2 – O período frio (em latim: “hiems”) era dividido em apenas duas fases: o Tempus Autumnus (literalmente “tempo do ocaso”), em que as temperaturas entram em declínio gradual, e o Tempus Hibernus, a época mais fria do ano, marcada pela neve e ausência de fertilidade.
Posteriormente, para ajustar as estações à posição exata dos equinócios e solstícios, correlacionados com a influência da translação associada à mudança no eixo de inclinação da Terra, convencionou-se, no Ocidente, dividir o ano em somente quatro estações. Vale a pena lembrar que certas culturas ainda dividem o ano em cinco estações, como a China. Países como a Índia dividem o ano em apenas três estações: uma estação quente, uma estação fria e uma estação chuvosa.
Já no continente africano, países como Angola só têm duas estações, a das chuvas, quente e úmida, e o cacimbo, seca e ligeiramente mais fresca, principalmente à noite.
Foi na escola, também, que aprendi a iniciação filosófica, de que “o homem é um produto do meio em que vive”. Assim sendo, provavelmente, somos partes das estações climáticas do ano.
Que estação seríamos, quando ficamos irritados?
E quando ficamos tristes?
Ou, ainda, quando ficamos alegres?
Por que não “renovamos” a plasticidade externa do corpo, ou o que há de interno, quando passamos pelo “outono” – o nosso outono?
As árvores o fazem pela fotossíntese – além das condições naturais que a Terra lhes oferece. Novas folhas, novos galhos e um crescimento contínuo, sempre em preparativos para novos frutos.
Nossas células são diferentes, sei. Em que pese vivermos na mesma Terra que vivem as árvores, nossa fisiologia é diferente.
Mas, infelizmente, a Terra é habitada por pessoas que são continuadamente ervas daninhas. Não crescem, não mudam, não passam por nenhum outono.