NOITES ESCURAS
Robson José Calixto
Quando o corpo adoece
Quando a culpa, mesmo injusta,
Se instala no peito
Quando a mente se fragiliza
E o fim do tempo parece se aproximar
E não gostaríamos que fosse tão logo, quase eminente
Os dias esmaecem, as noites perdem o brilho
Se aprofundam, se calam
Mil rostos saltam, as imagens pululam
Diante de olhos tensos e fixos
Diante de um peito calado, de um soluço retido
De orações acabadas, inacabadas
Procuramos esperanças quanto aos erros
Quanto às incompreensões, injustiças cometidas
Sem explicações
Como consertar? Como ter de volta?
Será que no tempo restado ainda te fitarei?
Teus lábios beijarei? Teus cabelos afagarei?
No tempo restado ainda dialogaremos?
Teus olhos nos meus olhos?
Como me esvairei?
Vidas, amores, impulsos
Mortes, tristezas, sem recursos
Sementes
Onde estás?
Resistência
Misturada no sangue alterado que persiste em fluir
Desejo de deixar tudo certo, ou de não ir agora
Um remédio que cure, uma nova terapia,
Que todos diagnósticos estejam errados
Olhamos para fora, quando deveríamos olhar para dentro
Incertezas, punições, sentenças
Será que o caminho poderia ter sido outro?
Será que será outro?
Dor, que corrompe
Medo, que abala
Vontade de segurar tuas mãos
Sentir teu cheiro perto
Tua presença, todavia constatamos a tua ausência
Na prece um sussurro de Adeus
Para quem fica,
Anjo.
Por Robson José Calixto - Brasília 13/07/2018.