As noites de sonhos bons passam rápido. Parece que o vexame do sol é maior que a passada calma da lua. E a água pura desce a cordilheira de estradas do Araripe, aguando a terra verde de nossas saudades sertãs, entre pequis maduros e seriguelas doces. A mulher, de sua janela, apenas olha e sorri. Valeu a pena, pensa ela, ouvindo ao fundo o cantar leve e solto de uma sabiá, sábia o tanto necessário para perceber que a felicidade passou por ali num dia de quase sol e de um céu arroxeado pela chegança de uma neblina que anuncia duradoura e consistente chuva. Da janela da velha casa, ela deve ter gostado do que viu. Ou quase. Dali a pouco, ouvir-se-á a Ave-Maria. Tudo sob um tempo bonito pra chover.
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