Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Imprensa Diária quarta, 13 de maio de 2020

NO BRASIL, VEM EM DUPLICATA

 

J.R.GUZZO

NO BRASIL, VEM EM DUPLICATA

A calamidade da Covid-19 terá duplicata no Brasil

É uma desgraça, para o Brasil, que uma grande parte das autoridades públicas tenham decidido dobrar o custo que a pior epidemia da história recente está trazendo para as pessoas. Não basta a morte de 11.000 cidadãos em dois meses pela Covid-19, nem o sofrimento sem limites imposto às famílias que sofreram perdas de gente querida, nem as vidas arruinadas por este flagelo. Governadores, prefeitos e burocratas, cedendo ao pânico, à estupidez e ao interesse político mais grosseiro, estão castigando os cidadãos com atos de franca e aberta demência.

Sem qualquer restrição por parte da justiça, investem todo o seu tempo e energia na invenção de novas proibições, obrigações e castigos para atormentar cada vez mais os milhões de cidadãos que continuam vivos. A desculpa é que tudo o que estão fazendo é para o “próprio bem” da população. Mentira. É apenas o fruto da sua incapacidade para lidar com problemas graves e do seu oportunismo.

As demonstrações dessa corrida em busca da insensatez estão presentes no Brasil inteiro – da mesma maneira como ninguém está livre do vírus, ninguém está livre da presença de governos. Mas é provável que nenhum outro lugar do país esteja sofrendo tanto com essa infecção quanto São Paulo – por ser a maior cidade do Brasil, é naturalmente a que paga mais caro por se ver entregue a políticos que não estão à altura dos seus cargos, suas responsabilidades e seus deveres. São os piores porque, na prática, são os que causam dano ao maior número de pessoas: doze milhões de habitantes na capital, cerca de vinte na área metropolitana.

O que dizer de um lugar em que o prefeito municipal foi capaz de vir a público para anunciar com orgulho, e como uma das maiores obras da sua gestão na presente crise, a compra de 15.000 sacos para cadáveres e 38.000 urnas funerárias – sem contar a abertura de 13.000 covas para enterro e a contratação de 220 coveiros?

Não se discute, é obvio, a necessidade de enterrar os mortos; o prefeito e seus auxiliares não precisam explicar isso a ninguém. Trata-se, apenas, de notar a confusão mental de gente que tem a obrigação de administrar a principal cidade do Brasil. Não sabem o que fazer, mas querem fingir que sabem; o resultado são declarações deste tipo,

Um dos aspectos mais insanos deste passeio ao acaso são as exigências numéricas da prefeitura e do governo de São Paulo quanto ao nível de “isolamento social” que consideram o ideal para a cidade: querem “70%”, e como só estaria havendo “50%”, socam mais e mais proibições, penalidades e multas em cima de uma população que nada fez de errado além de estar viva e precisar viver.

Sua última novidade é um rodízio radical na circulação de veículos. Porque 70%? Como se faz a conta do “isolamento” – ou seja, o que realmente significa esse número? Também não é compreensível que São Paulo esteja, no momento, com 50% do seu movimento normal nas ruas.

A cidade, em novembro de 2019, tinha mais de 6.300.000 automóveis em circulação, além de cerca de 200.000 caminhões e ônibus e 1.200.000 outros veículos de quatro rodas. Segundo as contas das autoridades, uns 4 milhões desses veículos todos – metade da frota – estaria andando todos os dias na rua. Como assim? Onde estariam – espalhados na cidade inteira? A que horas do dia? Porque ninguém consegue ver 4 milhões de veículos circulando por aí? A conta incluiria também as pessoas?

Para bater com os números do governo, teria de haver 6 milhões de paulistanos pela rua, à vista de todo mundo. Onde estão? E o comércio, restaurantes, bares, cinemas, teatros – por acaso 50% disso tudo está aberto? A radicalização do rodízio só obriga as pessoas a deixarem o isolamento dos seus carros, onde não podem contaminar ninguém, e virem se amontoar no transporte público. É o contrário do que o governo quer.

A calamidade da Covid-19 atinge o mundo inteiro. No Brasil ela vem em duplicata.


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