Nelson Portella/1997
“A dignidade pessoal e a honra, não podem ser protegidas por outros, devem ser zeladas pelo indivíduo em particular.” Mahatma Gandhi
No princípio do século XX, o empresário Herman Theodor Lundgren (1835-1907), sueco naturalizado brasileiro, comprou da firma Rodrigues Lima & Cia uma fábrica de tecidos situada em Paulista, (PE), até então um distrito de Olinda. A Companhia de Tecidos Paulista, a qual originou a rede de estabelecimento de vendas a retalho, a maior e mais promissora que se tinha conhecimento no Brasil à época, as famosas Casas Pernambucanas, denominadas também de Lojas Paulista, mas após a derrota de São Paulo na Revolução de 1932, passou a prevalecer, por decisão dos herdeiros dos lundgrens, a denominação Casas Pernambucanas para todos os estabelecimentos que a compunham por todo o país.
Em 1915 a rede das Casas Pernambucanas já tinha estabelecimentos em Porto Alegre, Florianópolis e Teresina… Expandiu-se rapidamente por vender abaixo dos preços artigos têxteis populares, recorrendo com freqüência à publicidade para se tornar mais conhecida. Tornaram-se famosas no interior de vários estados do Brasil as pichações que se faziam em pedras, barrancos e porteiras em beiras de estrada, muros, viadutos, com seus anúncios.
Conta-se que de certa feita, num domingo, uma das Casas Pernambucanas pintou seu anúncio na porteira principal de um sítio em Itu (SP), local de muito movimento. O Brás hoje. No dia seguinte, quando a loja foi aberta, diante dela estava o dono do sítio, com tinta, pincel e escada na mão, perguntando onde poderia pintar o nome da sua propriedade.
Na década de 1970 as Casas Pernambucanas atingiram seu auge, com mais de 800 lojas e mais de 40.000 funcionários. Hoje tem mais de 295 lojas, em sete estados brasileiros.
Pois bem, nessa época começa a trabalhar como caixa da empresa, primeiro na Companhia de Tecidos Paulista e depois transformada em Lojas Pernambucanas, o jovem Nelson Portella que, se fosse hoje, seria proibido pelo escroto Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Logo começa a ganhar a confiança e simpatia do chefe por sua eficiência, dedicação, pontualidade, honestidade e destreza.
Durante doze anos que ficou como caixa, nunca uma auditoria feita pela empresa a qual ele era vinculado, encontrou irregularidades na prestação de contas. Tudo batia rigorosamente, de moeda a moeda…
Determinado dia, o chefe de outro setor das Casas Pernambucanas, estava a procura de um funcionário eficiente, pontual e, principalmente, honesto para operar num determinado setor sensível da empresa que requeria essa qualidade. E indicaram o jovem caixa Nelson Portella para gerenciar o setor.
O chefe, ao qual ele era subordinado, relutou em cedê-lo, só o fazendo se lhe fosse apresentado de dentro da empresa um funcionário de confiança, pois ia mexer com dinheiro!…
Certo dia ele estava no caixa pela manhã e chegou à sua frente um sujeito alto, magro, bigode de falsete à lá Clark Gable, com uma carta-recomendação do chefe, que dizia o seguinte:
Sr. Nelson Portella:
Esse é o caixa que vai substituí-lo a partir de hoje. Faça-me a gentileza de repassar-lhe as responsabilidades.
Respeitosamente.
Nelson Portella, que fora promovido e iria galgar outro posto na empresa, começou a passar os serviços do caixa ao seu substituto, tintim por tintim, por ordem do chefe.
Determinado momento, explicando ao seu substituto como funcionava o ativo e passivo da empresa e como o caixa deveria proceder nas anotações das entradas e saída de dinheiro e como deveria anotar no caderno de ativo e passivo, o caixa transmitido olhou para o caixa transmitente e, com olhar brilhando de espanto como se tivesse encontrado uma mina de ouro, disse: mais desse jeito eu posso ROUBAR!
O jovem Nelson Portella não deu ouvido à curiosidade do substituto e continuou lhe explicando os mecanismos contabilísticos do caixa.
Terminada a tarefa da transmissão, se despediu do substituto, lhe desejando boa sorte e foi se apresentar ao chefe do outro setor onde havia sido promovido.
Duas semanas depois de assumir o caixa da empresa o substituto de Nelson Portella fora demitido por justa causa. Uma auditoria feita pela empresa constatou que no primeiro dia que começou a trabalhar o Clark Gable já pôs em ação o plano guabiru. Ele já possuía no DNA a áurea de ladrão, pôs em prática no momento que a ocasião lhe foi favorável. O ladrão já nasce feito; a ocasião o faz, dizia o Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, com a genialidade que lhe era peculiar.
LULA É O EXEMPLO CAGADO E CUSPIDO DESSA MÁXIMA!