Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 29 de outubro de 2019

NEGRITUDE: PARA ALÉM DO 20 DE NOVEMBRO

 

CONSCIÊNCIA NEGRA
 
Para além de 20 de novembro
 
Com rodas de conversas frequentes, exposições de fotos e outras atividades, iniciativa no CED 310 de Santa Maria busca desenvolver temas ligados à negritude durante todo o ano

 

» LUIZ OLIVEIRA*
* Estagiário sob a supervisão de Marina Mercante

Publicação: 29/10/2019 04:00

Maioria dos encontros ocorre na biblioteca, local que também serviu de ambiente para ensaio fotográfico  

Maioria dos encontros ocorre na biblioteca, local que também serviu de ambiente para ensaio fotográfico

 


Ao chegar ao Centro Educacional 310 de Santa Maria, é possível perceber que naquele lugar há algo de especial. A começar pelo mural da fachada, todo grafitado com personalidades importantes para a história mundial, sobretudo as negras. Um dos locais mais procurados da instituição é a biblioteca, pois é nela que ocorrem os encontros do projeto 365 dias de Consciência Negra, que, desde agosto de 2018, busca desenvolver com os alunos, por meio de diversas atividades, uma melhor compreensão do que é ser negro.
 
Os estudantes descrevem a iniciativa como uma oportunidade de encontrar apoio não obtido em outros lugares, além de aprender sobre a história do povo negro de uma outra maneira, a partir de exemplos de personalidades mundiais, nacionais e locais com trajetórias de resiliência e superação. Foge-se do que é ensinado tradicionalmente.
 
O 365 dias de Consciência Negra teve início após questionamentos da professora Margareth Alves, 42 anos, ao observar como se tratavam os temas da negritude. “Nossos heróis negros mal são citados nos livros de história. Sempre quando falam do nosso povo é a partir da escravidão. Resolvi criar o projeto para trabalhar a temática durante o ano todo. Foi dessa provocação que surgiu o nome”, explica.

O projeto foi idealizado pela professora Margareth Alves (Fotos: Nicolas Braga/Esp. CB/D.A Press)  

O projeto foi idealizado pela professora Margareth Alves

 

A ideia surgiu em maio de 2018, no entanto, só tomou forma em agosto, depois de um ensaio fotográfico. “Tiramos cerca de 40 fotos, todas na biblioteca, mostrando que o negro tem que ser inserido em espaço de poder, e não conheço melhor lugar que demonstraria isso”, diz Margareth.
 
As fotos foram de autoria de Vinicius Bispo, 18 anos, ex-aluno do centro educacional. “Eu queria mostrá-los de outra forma, porque sabia que estava lidando com adolescentes que sofrem com falta de autoestima. Queria deixar claro, por meio das imagens, o quanto eles são bonitos”, relembra.
 
Além das fotografias, são desenvolvidas atividades que envolvem toda a escola, entre elas cinedebates, exposições, passeios, apresentações culturais e rodas de conversa com personalidades negras de Brasília, como o cantor Marcelo Café e o jornalista Fred Ferreira.

Escola tem mural grafitado com personalidades negras  

Escola tem mural grafitado com personalidades negras

 

Apoio
De acordo com o diretor do CED 310, Wagner Lemos, a unidade de ensino sempre teve ações temáticas sobre consciência negra, mas eram isoladas e em datas específicas. Quando a professora Margareth propôs ampliar e sistematizar o trabalho, ganhou apoio da escola. “O empenho dela em desenvolver esse tema relacionado à negritude foi ganhando mais corpo, e a gente foi vendo que tinha como fazer isso além de uma única semana”, conta Lemos.
 
O projeto também conta com a parceria do Centro de Convivência Negra da Universidade de Brasília (UnB). Semanalmente, a escola de Santa Maria recebe um bate-papo com alunos negros da UnB. Eles compartilham histórias e tiram dúvidas sobre a instituição federal.
 
Família
Estudante do primeiro ano do ensino médio, Laurikeicy Ferreira, 16 anos, é um dos mais de 40 alunos do projeto e não poupa palavras para descrever o quanto ele é importante. “Me ajuda muito nos estudos, minhas notas melhoraram depois que entrei, passei a ler mais. Tornou-se uma família pra mim, um lugar no qual posso encontrar apoio para tudo.”
 
Ingrid Oliveira, 18 anos, está no terceiro ano do ensino médio e sonha em cursar história para ser pesquisadora. A jovem conta que o grupo entrou na vida dela de uma maneira muito inesperada. “Eu estava no intervalo, perto da lanchonete, quando a Margareth perguntou se eu não queria participar. Topei na hora.”
 
Hugo Mikael Dias, também de 18 anos, voltou às salas de aula depois de passar por uma experiência de preconceito racial. “Desisti de estudar por ter vivenciado isso no ensino fundamental. Voltei neste ano ainda muito desacreditado, mas tudo mudou quando a professora me encontrou. Aceitei participar, mas com o pé atrás”, confessa. Conforme o ano foi passando, Hugo percebeu o quanto foi melhorando em diversas áreas, tanto na escolar como na pessoal, atrelando essas conquistas ao projeto liderado por Margareth.



Na lei e na prática
 
Em 20 de novembro de 1695, morreu Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos brasileiros da luta e resistência do povo negro. Por conta desse acontecimento, em 2011, foi sancionada a Lei nº 12.519, que instituiu o Dia Nacional da Consciência Negra. Outro marco foi no ano de 2003, em que se estabeleceu o ensino de história e cultura afro-brasileiras nas escolas. Por lei, as instituições são obrigadas a trabalhar de alguma maneira o tema em sala de aula. No entanto, critica-se o fato de que muitas só desenvolvem essas atividades no mês de novembro ou até mesmo em único dia.
 
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