NATAL
Luís Edmundo
Cala-se o mundo, há um luar de místicos palores;
O vento lembra uma harpa a tocar em surdina;
Brilha pela extensão do céu da Palestina
Num prenuncia feliz a estrela dos pastores.
A vida acorda e vem do cálice das flores
À alma do homem que sente um fulgor que o fascina;
A ovelha bala, o boi muge, o pastor se inclina...
Há um bálsamo por tudo a amenizar as dores.
Jesus nasceu, a fé que os corações ampara
Desce às almas buscando os íntimos refolhos,
Como os raios do sol numa lagoa clara.
Maria, porque vê Jesus pequeno e langue,
Põe um riso feliz na doçura dos olhos,
Que hão de chorar depois as lágrimas de sangue.