Não sei por quais cargas d’água, quando pensei em escrever a mensagem de natal deste ano, para ler na ceia, com a família, só imaginei Zé Limeira glosando o mote “Viva o menino Jesus!”.
Longe de mim a pretensão de alcançar o nível do mito Zé Limeira. Mas imitar não é pecado.
Então escrevi essas estrofes:
Numa noite de natal,
O sol brilhava no céu,
Um justo virava réu,
Um são ia pro hospital.
Um famoso marginal
Bebia um chá de cuscuz,
Alguém acendeu a luz,
O sujeito foi-se embora
E gritou Nossa Senhora:
Viva o menino Jesus!
Quando eu vi Papai Noel
Montado numa galinha,
Logo vi que ele não tinha
Escrito nada em cordel.
Veio vindo um coronel
Chupando um pé de mastruz.
Uma nuvem de urubus
Pelo terreiro ciscava,
Enquanto o povo gritava:
Viva o menino Jesus!
Já comi peru assado,
Mas joguei fora o caroço
São Tomé, quando era moço,
Jogou muito carteado.
São João foi atropelado
Por duzentos cururus.
Deu três tiros de obus
E fez a maior zoada,
Gritando, de madrugada:
Viva o menino Jesus!
Jesus nasceu num domingo,
Segunda-feira falou,
Terça, de tarde, pegou
Um nó d’água e deu um pingo.
João e seu amigo Ringo
Foram nos maracatus,
Pegaram a dançar nus,
Sem o menor sobressalto.
E o povo cantando alto:
Viva o menino Jesus!
Vou chegando aos finalmente,
Falando dos três reis magos
Que foram muito bem pagos
Pelo Coronel Prudente.
Cada um trouxe um presente,
E um ovo de avestruz.
José, que usava um capuz,
E tocava uma corneta,
Escreveu na caderneta:
Viva o menino Jesus!