NAS RUÍNAS DA CASA-GRANDE
Olegário Mariano
A casa-grande é um espelho do passado:
Corroeu-lhe o tempo a pedra do batente
E do que foi solar da minha gente
Resta apenas um escudo brasonado.
Mas, através do paredão gretado,
Ouvem-se ainda na aflição do poente,
Ressonância de vozes e o frequente
Bater das velhas portas do sobrado.
Em cada telha há um gesto de abandono.
A voz que vem de longe das herdades
É a mesma voz que me embalava o sono.
E agora, em plena noite que se expande,
Piam as andorinhas. . . São Saudades
Que dormem no beiral da casa-grande.