Quando o galo faz zoada
Bem cedinho em meu rincão
Eu me espreguiço na rede
E faço minha oração
Tiro a tranca da janela
Para ver o quanto é bela
A manhã do meu sertão.
A barra anuncia o dia
Enquanto não chega o sol
No horizonte os entretons
Vão tingindo o arrebol
Completamente encantada
Vejo do alpendre a chegada
Do flamejante farol.
O orvalho ganha brilho
No seio de cada flor
Na cerca a teia de aranha
Orvalhada é um primor
Quando o sol abre a cortina
A beleza nordestina
Exibe o seu esplendor.
No bico da passarada
Principia a cantoria
Nas estradas e veredas
O canto é sinfonia
A brisa chega faceira
Abana a carnaubeira
Que farfalha de alegria
O sol desprende seus raios
No céu que de azul se cobre
Para viver novo dia
Veste-se com manto nobre
O sol vem com seu clarão
No azul da imensidão
Nova paisagem descobre.
Tem brilho nosso sertão
Na manhã de cada dia
Quando abrolha a alvorada
Eu bebo dessa energia
Vendo o dia amanhecer
E o rei sol aparecer
Num rompante de magia.