Violante Pimentel
Estou só, e as lembranças não me deixam sossegada. Procuro desviar o pensamento, mas o redemoinho das recordações me perturba a mente.
Quero contornar essa ausência, neutralizar as lembranças, mas para mim é impossível. Sonhei com ela ontem, e hoje passei o dia todo sofrendo com saudade. Emocionalmente, sempre dependi dela, mas foi impossível continuarmos juntas. Ela enfraqueceu, tornou-se frágil, sem forças, incapaz de me enlaçar com firmeza. Não podia mais me envolver com o seu calor. Impossível evitar o final.
O tempo passou e chegou o momento da separação. Tive que substituí-la por outra. A cada minuto que passa, mais me dói a solidão. À medida que a noite avança, minha inquietação vai aumentando. Está demorando a amanhecer…
A noite está fria e a lua se escondeu com os seus mistérios. As estrelas, em solidariedade à lua, também se esconderam. As recordações longínquas ocupam minha mente. Sua quentura, seu aconchego e até o seu cheiro estão encravados em mim. Ardo de saudade dela, e chego a murmurar:
MINHA QUERIDA E ANTIGA COLCHA DE FLANELA, VOLTA PRA MIM!!!