Já se passaram alguns anos desde que compus esse samba. Na época, fiquei receoso que alguém interpretasse mal, ou tomasse as dores de algum político, e acabei enviando ao JBF uma gravação bem amadora, sob pseudônimo.
Acontece que, ano passado, mostrei o samba ao Mariano Júnior, do Hertz Studio, e ele se empolgou todo:
– Grave isso, homem! – disse ele, e já foi sugerindo o arranjo.
Acabou me convencendo, ao falar que poria um trombone de vara na introdução. Se tem um instrumento de sopro que me agrada é o trombone, talvez porque permita solos de notas graves, mas não tão graves como as da tuba. Seria como o violoncelo, entre os instrumentos de corda.
Voltando ao samba, ainda fiquei receoso de eu mesmo interpretar a peça – comentei isso com os amigos que encontrei na casa do Berto, em dezembro do ano passado. Mas acabei gravando minha própria interpretação.
“Só pra testar”, disse eu, na ocasião.
Acontece que, quando o pessoal do back vocal entrou em cena… aí não teve mais jeito! Lamento se alguém não gostar, mas “Não é malandragem” é mais uma de minhas canções que em breve estará em todas as plataformas digitais do planeta (YouTube, Spotify, Itunes, etc).
Para que os leitores que gostam de acompanhar os detalhes, a letra ficou assim:
Você, que, o povo um dia, pelo voto, elegeu,
Mas, que não honrou essa missão que recebeu,
Que depois de eleito, aproveitou a situação
Para roubar a nação!
Não venha dizer que é o doutor da malandragem,
E, por ser malandro, tinha que levar vantagem.
O que você fez foi se sujar na podridão
Da corrupção!
Superfaturamento,
Desvio de verba e cartel
Na licitação.
A prestação do serviço
Que só existe no papel.
Tudo armação!
Lavagem de dinheiro,
Esquema, propina pro fiscal
E a comissão
Vai para a diretoria,
Para fazer a alegria
Do chefão.
(Vou dizer)
Não é malandragem isso aí.
Não é malandragem, não é não.
O que você faz, sei o que é
É corrupção.
Fique você consciente,
Malandro não é um delinquente,
Nem um marginal.
Não tem que roubar ninguém
Pra ser esperto e se dar bem
No final.