O café fumegante – ponto para o despertar saudável
Nada a dizer contra quem prefere Miami, Madrid, Paris, Capadócia ou Japão para passear nas férias. Com pouco dinheiro – e apesar disso, não vivo insatisfeito, pois o meu “futuro” quem construiu foi eu – prefiro mesmo a companhia de Jessier Quirino, e voltar à Pasárgada.
Na Pasárgada tem tudo de bom e do melhor. É lá, mais uma vez, que passou minhas férias, tentando aproveitar da melhor forma os poucos dias que ainda me restam – e deixo o final deles nas mãos do Criador.
Na roça, o galo canta ainda quando o sol não deu o ar da graça, e eu acordo. Acordo e levanto sem espreguiçar ou sem alongar. É vapt-vupt e estamos de pé. Uma caneca d´água substitui a torneira de água corrente da cidade, pois não é verdade que os 13 anos de governos petistas tiraram o “povo da miséria” – e, aonde estou a água ainda não é tratada nem canalizada. E, só não há miséria, porque homem digno e trabalhador não vive na miséria. E é assim na roça.
Tempos atrás, escova para dentes dera luxo das cidades grandes. A assepsia bucal era feita mesmo com o dentifrício no dedo indicador passado pra riba e pra baixo no sentido horizontal – e estavam “escovados” os dentes.
Cuscuz de milho com carne seca desfiada – um pequeno almoço
À mesa e ao café. Dizemos no nosso povoado: forrar o estômago. E lá vou eu forrar o estômago com café preto quente (grãos torrados e pilados em casa naquele tradicional pilão de madeira) e um delicioso e generoso cuscuz de milho com carne seca – vale mais que qualquer outra refeição.
O milho não é propriamente um fubá – como esses industrializados vendidos nos supermercados – nem é totalmente seco. Se dizer o tempo serve para alguma coisa, diria que o milho está a menos de uma semana no ponto para ser colhido e ainda tem uma certa humidade. E isso mantém o aroma de milho verde.
São servidas outras opções: beiju, que no meu Ceará é conhecido como tapioca; carne de sol frita; queijo de coalho; manteiga de garrafa; milho verde cozido; coalhada; mamão; abacate e bananas. Apenas o cuscuz especial me satisfaz.
Pronto. Refeição feita, levanto para atender outra necessidade programada:
A rede armada no alpendre – esperando o leitor e a leitura
Continuar a leitura (trouxe 8 livros para ler em dez dias – sem qualquer obrigatoriedade) de “Pequena abelha” de Chris Cleave.
A “dona” da casa é esperta. Matuta, mas esperta. Nunca vai tirar as varandas rendadas da rede – não quer que a beirada vire lugar de coçar frieiras. O melhor dessa rede: a maciez e o cheiro que parecem anestésicos poderosos. Mas, quem está disposto a ler, não cede a feitiço nenhum.
Por isso, não me preocupo com Madrid, Miami ou Capadóca.