NA DEMOCRACIA TEM DESSAS COISAS – GRAÇAS A DEUS
Poeta Fabrício Carpinejar X o tabacudo Alexandre Frota
Com exceção de todas as outras formas de governo inventadas pelo homem, a Democracia ainda é a melhor – como dizia o genial estadista Winston Churchill.
Propenso a publicar uma crônica à moda “cenas do caminho” da colunista do JBF, Violante Pimentel, quando deparei com essa aberração patrocinada pelo cafajeste, ator de filme pornô, Alexandre Frota, infelizmente eleito deputado federal pelo (PSL-SP), quando respondeu a um seguidor do perfil do tuiter do deputado federal eleito por Pernambuco, Túlio Gadêlha (PDT), namorado da apresentadora do programa da Rede Globo “Encontro com Fátima Bernardes”, dizendo que “Só podia ser de Pernambuco”, frase com conotação xenofóbica, por um tuiteiro tê-lo criticado ironizando que “existe ator de filme pornô que não paga a pensão alimentícia do filho.”
Mal a polêmica viraliza na internet, o escritor, poeta e jornalista gaúcho Fabrício Carpinejar saiu em defesa do Leão do Norte e, pegando carona no mote “Só podia ser de Pernambuco”, escreveu esse belíssimo poema enaltecendo as belezas materiais e imateriais locais, empurrando a pajaraca de Polodoro no rabo de Frota, que está mais afolozado do que o xibiu de Ritinha de Zé Lezin.
Polodoro no ponto para enrabar o tabacudo Alexandre Frota
Eis o poema de Fabrício Carpinejar em resposta à grosseria do tabacudo dador de rabo Alexandre Frota:
SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO – Fabrício Carpinejar
Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina.
Só podia ser de Pernambuco o frevo, o maracatu, o Galo da Madrugada, a alegria ecumênica.
Só podia ser de Pernambuco os bonecos de Olinda, o olhar oceânico do alto das igrejas e dos muros brancos.
Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros.
Só podia ser de Pernambuco Manuel Bandeira e a Estrela da Manhã.
Só podia ser de Pernambuco Nelson Rodrigues e o seu carinho pelos vira-latas mancos.
Só podia ser de Pernambuco a infância misteriosa de Clarice Lispector, a descoberta da leitura.
Só podia ser de Pernambuco Chico Science e o movimento manguebeat.
Só podia ser de Pernambuco a cerâmica de Francisco Brennand e seus 1033 dias iluminados de esculturas e azulejos.
Só podia ser de Pernambuco o modernismo de Cícero Dias, que já dizia em sua pintura: “Eu vi o mundo… ele começava no Recife”.
Só podia ser de Pernambuco a pedagogia de Paulo Freire (do oprimido, da libertação, do compromisso, da autonomia e da solidariedade).
Só podia ser de Pernambuco o cinema inovador de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor” e “Aquarius”) e de Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”).
Só podia ser de Pernambuco a irreverência contagiante de Chacrinha.
Só podia ser de Pernambuco a sociologia de Gilberto Freyre, profeta do multiculturalismo.
Só podia ser de Pernambuco Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial de futebol.
Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Só podia ser de Pernambuco o abolicionista Joaquim Nabuco.
Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco.
PS: Feliz 2019 para toda comunidade fubânica!