Sento-me à beira da estrada estreita para conversar com as pedras e trocar ideias com tantas folhas caídas à sua margem. Pequenos grilos cantam canções que só eles sabem cantar. Poucos as entendem. Borboletas cirandeiam alegres e felizes, colorindo o céu azul, de manchas brancas. Um vento sussurra que a chuva está por chegar e me apresso em busca de proteção. Desisto. Faz tempo não vejo a chuva e estou com saudades. Deixo que os pingos que caem me contem segredos guardados nas nuvens e só revelados a quem, como eu, não teme futuros e vive presentes. O peito nu é minha camisa e os cabelos, meu chapéu. Peito aberto, corpo molhado, despeço-me das amigas pedras, abraço as folhas e sigo o caminho rumo às alegrias vindouras. Acompanha-me sorridente um raio de sol pós-chuva, se encaminhando para a formação do primeiro arco-íris do dia. Ele, já brilhante, me deseja um bom dia e eu sigo. Feliz.