Betty Davis, cantora pioneira do funk americano, morreu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos, de causas naturais. A informação foi confirmada à revista Rolling Stone pela etnomusicóloga Danielle Maggio, amiga e pesquisadora da obra de Davis.
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Quase todo o católogo musical de Betty Davis foi gravado entre 1964 e 1975, mas seu impacto se manteve por décadas. Davis foi primeiro modelo até começar na música, ainda com seu nome de solteira, Betty Mabry, em 1964, com o single "Het Ready for Betty".
Figura influente na cena musical nova-iorquina no final dos anos 60, ela se casou com o trompetista Miles Davis em 1968 e adotou o sobrenome do gênio do jazz. No ano seguinte, ela estampou a capa do álbum Filles de Kilimanjaro, do qual foi a inspiração para a faixa "Mademoiselle Mabry". O casamento durou apenas um ano, mas foi Betty quem apresentou Miles ao rock, levando o trompetista ao fusion, com os discos In a Silent way, de 1969, e Bitches Brew, de 1970.
Durante o relacionamento, Betty gravou com Miles, mas seu primeiro álbum solo, Betty Davis, só foi lançado em 1973. Outros discos vieram em seguida: They Say I’m Different (1974) e Nasty Gal (1975). Sua atitude libertária abriu caminho para artistas como Prince e Madonna, astros do pop na década seguinte.
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Depois de lançar três álbuns e passar um ano com monges no Japão, Betty Davis decidiu abandonar a música, mudou-se para Pittsburgh, onde viveu por 40 anos sem nunca mais voltar ao show business.
Mesmo sem ter voltado a gravar ou fazer shows, Davis continuou inspirando outros artistas, incluindo as cantoras e Janelle Monae. O interesse das novas gerações pela cantora fez com que seus álbuns fossem relançados, aléErykah Badum do lançamento de um quarto álbum, com inéditas.
Em 2017, a cantora foi tema do documentário "Betty: they say I'm Diffferent, dirigido pelo ex-correspondente de guerra Phil Cox. Em entrevista ao GLOBO, na época, ele afirmou que "Betty era uma mulher que expressava uma energia sexual como nenhuma outra mulher ou homem".