05 de fevereiro de 2022 | 08h00
O Palmeiras pode ter novamente em seu caminho um rival mexicano no Mundial de Clubes. O Monterrey enfrenta o Al Ahly, do Egito, neste sábado, às 13h30 (de Brasília) em busca de um lugar na semifinal. O time do México joga pela quinta vez o torneio e busca a final inédita.
No México, existe o entendimento de que esse elenco do Monterrey é o representante da Concacaf mais forte que já disputou um Mundial na versão como é realizado hoje pela Fifa. Mais capaz até do que o Tigres, que eliminou o Palmeiras na edição anterior e ficou com o vice ao perder do Bayern de Munique na final.
“Nós estamos prontos para competir. Queremos alcançar a final pela primeira vez. E estamos prontos para chegar lá”, afirma ao Estadão o atacante holandês Vincent Janssen. Ele é uma das estrelas do milionário elenco dos “Rayados”, e atuou, em uma jornada sem brilho, no Tottenham, da Inglaterra, antes de chegar à equipe mexicana.
O elenco tem 16 jogadores que já defenderam alguma seleção na carreira e cinco atletas que disputaram ao menos uma edição de Copa do Mundo: os mexicanos Héctor Moreno e Jesús Gallardo, os costarriquenhos Joel Campbell e Celso Ortiz e o argentino Maxi Meza, este apontado como o craque do time. Janssen não é titular porque o ataque é comandado pelo argentino naturalizado mexicano Rogelio Funes Mori, considerado ídolo da equipe na qual está desde 2015.
“É um atacante perigoso dentro e fora da área”, opina César “Chelito” Delgado, ex-jogador argentino do Monterrey e embaixador da agremiação no Mundial em Abu Dabi. Para ele, o time mexicano está em patamar semelhante ao dos europeus.
“Sinto que Monterrey chega ao Mundial com uma experiência muito importante por ter jogado outras quatros vezes”, diz Delgado. Apenas uma vez uma equipe do México não esteve na competição. Foi em 2005, quando o Saprissa, da Costa Rica, representou a Concacaf e terminou em terceiro.
O investimento para rechear o elenco de bons - e caros - jogadores advém da família Gonda de Rivera, a quinta mais rica do México e dona da FEMSA, maior distribuidora de Coca-Cola do mundo e acionista da Heineken. Segundo dados da plataforma alemã Transfermarkt, o clube investiu cerca de R$ 450 milhões em reforços nos últimos quatro anos. Apenas Flamengo e Cruz Azul fizeram aportes maiores em contratações nesse período.
O Monterrey pensa no título, mas o objetivo é ao menos repetir o que fez o Tigres no ano passado e alcançar a final, o que nunca conseguiu. Em 2011 e 2013 caiu nas quartas de final. Em 2012 e 2019 foi semifinalista, mas perdeu para rivais ingleses, Chelsea e Liverpool, respectivamente. As suas melhores campanhas foram obtidas nesses dois anos ao terminar em terceiro.
“Neste ano será uma equipe mais perigosa do que mostrou nos últimos anos. Chega muito forte”, observa Delgado. “É uma equipe que não se conforma. Sempre quer mais”.
Se o Chelsea trata com certo desinteresse o Mundial, o Monterrey dá ao torneio a mesma importância que os sul-americanos. “É a chance de mostrar para o mundo a nossa qualidade e do que somos capazes. É uma oportunidade para muitos jogadores estarem em evidência”, explica Janssen. O holandês se frustrou em 2019 ao ser cortado daquela edição por lesão.
O comandante do pentacampeão da Liga dos Campeões da Concacaf é o experiente Javier Aguirre, técnico do México em duas Copas, a do Japão/Coreia, em 2002, e da África do Sul, em 2010. Também comandou equipes espanholas, como o Atlético de Madrid.
Janssen confessa não conhecer “muito bem” o Palmeiras. “É uma equipe muito boa, com jogadores famosos”, limita-se a dizer o holandês, que expressa o desejo de passar férias no Brasil no futuro. A sua ideia é primeiro pensar no egípcio Al Ahly para depois, em caso de triunfo, voltar o foco ao atual campeão da Libertadores. “Se Monterrey passar para a semifinal, tenho certeza que será um jogo muito difícil contra o Palmeiras”.
Delgado, que além do Monterrey, teve boas passagens no Cruz Azul e no Lyon, da França, diz ter visto jogos do Palmeiras, cuja principal arma, ele entende, é o contragolpe. “É uma equipe muito perigosa. Tem que ser respeitada”, pontua.