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Em Santiago, uma multidão exige o fim da violência de gênero
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O temor de aglomerações e, consequentemente, da possibilidade de infecção pelo novo coronavírus não impediu que multidões fossem às ruas no mundo todo para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Mesmo com alguns confrontos violentos e prisões em vários países, as mulheres marcharam em locais distantes entre si, como Indonésia, Filipinas, Paquistão, França e Chile. Em muitos locais, as manifestações foram canceladas por questões de saúde.
Uma das mobilizações mais expressivas ocorreu em Santiago, a capital chilena, onde, segundo estimativas, aproximadamente 2 milhões de mulheres se reuniram em uma manifestação exigindo o fim da violência de gênero e protestando contra o governo de Sebastián Piñera. Desde outubro, o país é palco de protestos semanais em torno da possibilidade da adoção de uma nova Constituição, substituindo o texto de 1980, que data do período do ditador Augusto Pinochet.
Na Europa, as manifestações foram menores que o habitual. Ativistas do grupo Femen com os seios à mostra, luvas e máscaras de proteção, se reuniram na Place de la Concorde de Paris para denunciar “a pandemia patriarcal”. Sob rigorosas medidas de isolamento, a Itália não registrou protestos. O presidente Sergio Mattarella divulgou uma mensagem em vídeo para expressar seu agradecimento “às mulheres e às muitas que trabalham em hospitais e nas zonas (de quarentena) para combater a propagação do vírus”.
No Paquistão, mil mulheres desafiaram a sociedade ultrapatriarcal a se manifestar por seus direitos, às vezes embaixo de pedras e gravetos jogados por oponentes. Ao mesmo tempo, outra marcha reuniu mulheres com véu, que proclamavam sua “liberdade de viver de acordo com a Sharia”. Em Manila, nas Filipinas, centenas de mulheres e homens participaram de um protesto que queimou um efígie gigante do presidente Rodrigo Duterte, a quem eles acusam de misoginia.
Terceiro país com maior número de casos depois da China e da Itália, a Coreia do Sul cancelou vários eventos, devido à epidemia. “Embora não possamos estar fisicamente juntas, nossa determinação em obter igualdade entre homens e mulheres é mais forte do que nunca”, disse a ministra da Igualdade, Lee Jung-Ok, em um vídeo. Em Jacarta, na Indonésia, cerca de 600 pessoas pediram ao governo que revogasse leis consideradas discriminatórias e adotasse leis contra a violência sexual.