Lulu Novis veste tricô Loop Vintage, cinto Madnomad, luva Ohlograma, saia Farm e brincos Lool Store — Foto: Guilherme Nabhan. Styling Felipe Veloso. Beleza Carol Ribeiro
Lulu: top, saia e chapéu Prada e sapato Clergerie. Antônia: vestido Farm, camisa Mabô, óulos Yayoi Kusamapara Louis Vuitton e tênis All Star. Felipa: camisa bordada Lulu Novispara C&A, salopete e blazer Lulu Lobster — Foto: Guilherme Nabhan
Lulu é hoje um dos nomes mais consistentes e criativos da moda nacional. Depois de ter assinado inhas com a Farm e a C&A, que se esgotaram em pouquíssimos dias, uniu-se à portuguesa Bordallo Pinheiro em uma parceria exclusiva, que será lançada no Brasil na ArtRio. Além disso, é consultora criativa da Farm global e parte da Gucci Gang no Brasil, nome dado às amigas da grife. Também coube a ela a tarefa de vestir Mônica Martelli no desfile da São Clemente, em homenagem ao humorista Paulo Gustavo. Para fechar a lista (por enquanto), realiza um sonho em sintonia com o Dia das Mães: lança, amanhã, a própria marca, a Lulu Lobster.
Mas engana-se, e muito, quem acha que essa colheita não custou muitas gargalhadas, algumas lágrim as e noites insones. “Você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui”. diz Lulu, usando os versos da canção “A estrada”, do Cidade Negra, para ilustrar a emoção em relação ao atual momento profissional. “É incrível ver minhas criações pelo mundo.”
Vestido e blazer Chanel e brinco Monies — Foto: Guilherme Nabhan
A artista mergulhou de cabeça na profissão por meio do jornalismo de moda no começo dos anos 2000, depois de passar quase quatro anos na faculdade de Medicina. “Sempre gostei muito de gente, de olhar para o outro, de ciências e da estética do corpo humano”, explica. “Naquela época, não era comum fazer faculdade de Moda, isso não existia. Então, acabei escolhendo Medicina para exercer a minha vocação de acolher o próximo. Também adorava montar looks para ir ao plantão”, conta. Porém, ao ser confrontada com as doenças, se deu conta de que não continuaria a trilhar aquele caminho. “Sofria junto, não conseguia me separar. Fiz a transição para o jornalismo de moda, já que sempre gostei de escrever.”
A criação dos looks para as meninas começou com o nascimento da primogênita. “No início, eram estudos de padronagens, mas acabou se tornando uma conexão estética afetiva entre nós duas.” Antonia herdou da mãe o bom humor e o espírito fashion: “Brincamos com essa coisa da roupa”, diz.
: Lulu: camisa, calça e quimono Handred, colares Nuassis e Sauer, brincos Alix Duvernoy e tamanco Mari Giudicelli. Antonia: macacão e blazer Lulu Lobster e espadrille acervo. Felipa: vestido Lulu Lobster e tênis Vans — Foto: Guilherme Nabhan
Lenny Niemeyer, que teve Lulu na equipe, a define em uma palavra. “Ensolarada”, crava. “Começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. Amadureceu, criou estilo próprio e faz um mix de coisas superlindas. Tenho orgulho da mulher que ela se tornou”, afirma. “Ela é ensolarada. começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. faz um mix de coisas lindas ”
A escolha pela sustentável irreverência do ser — “A vida já é tão dura, conseguir tocar as pessoas com meu trabalho me traz uma imensa alegria” —, traduzida em roupas e objetos, fizeram com que as collabs para a Farm, lançada em 2019, e para a C&A, em 2021, se convertessem em sucesso comercial e estabelecessem parcerias longevas. “Lulu cria coleção, apresenta lives e atualmente é responsável pelo projeto de visual merchandising da Farm global, na Liberty, em Londres. Queremos tê-la sempre por pert
Camisa, saia e top BDLN, sandália Ferragamo, pulseiras acervo, colar Sauer e óculos acervo — Foto: Guilherme Nabhan
o”, declara Kátia Barros, cofundadora da marca carioca. Os valores nos quais acredita também estão inseridos nessa fórmula. “Minha missão é levar beleza e autoestima para o mundo. Acredito em consumo consciente, em modelagens democráticas, que abriguem diversos corpos, e em tecidos puros. Essas são as premissas para eu criar”, ressalta Lulu. “Por isso, só me relaciono com empresas que façam sentido para mim. O convite da Bordallo, por exemplo. Sou fã deles num grau! Criei uma sardinha em cerâmica, foi muito incrível.” Já as lagostas são uma antiga fixação. “Coleciono desde adolescente, não sei quantas eu tenho”, admite. “Primeiro, me interessei pelo shape elegante e pelas cores. Depois meu encantamento aumentou ao saber que a lagosta, para crescer, quebra a casca, revela a parte mole, que é sua vulnerabilidade, expande e, aí sim, cria uma nova casca. Levo essa metáfora para a vida”, pontua. “Tenho lagostas espalhadas pela casa para me lembrar a todo instante que preciso ser corajosa para correr atrás dos meus sonhos”, diz a stylist, que também tem falos espalhados pela casa e entre seus acessórios. “Fazem parte do fascínio que tenho pelo corpo humano. Na Antiguidade Clássica, simbolizavam sorte e felicidade, e imagens fálicas espantavam más energias”, frisa, sem neuras.
Camisa e saia Neriage, meia Lupo , sandália Prada , brinco Lool Store e cinto Gallerist — Foto: Guilherme Nabhan. Set design: Adriane Lisboa. Assistência de fotografia: Márcio Marcolino. Assistência de beleza: Jô Oliveira. Assistência de estilo: Thalita Santos. Tratamento de imagem: Angélica Marinacci. Agradecimentos: Paloma Danemberg (AD Studio), Catalina Marchesi (La Pomponera) e Tiza Rangel.
Segundo o empresário Gustavo Sá, com quem Lulu é casada desde 2008, a criatividade da stylist transborda na vida e na casa. “Que é toda vestida com suas estampas, não tem um pedacinho de parede sem. Lulu traz os valores afetivos dela para o nosso ambiente. Às vezes, fico resistente no início, mas depois vejo que faz todo sentido”, diz. Com as filhas, ela faz questão de estabelecer uma relação horizontal. “Precisamos humanizar as mães”, brada. “Honro e respeito todas. É uma missão desafiadora e cada uma tem seu processo, suas dores. No meu caso, quero ser verdadeira e poder falar sobre qualquer assunto com elas, nada aqui é camuflado. Mostro a minha fragilidade e assumo meus erros”, afirma. “Ela não esconde nada, tudo a gente sabe”, emenda Antonia, que avisou à mãe que não usaria vestidos de babados nesse ensaio. “Eu entendo e respeito. Ela agora está amando vestir as minhas roupas”, entrega Lulu.
A stylist Lulu Novis e as filhas, Antonia e Felipa n cabana de cogumelo: profusão de poás — Foto: Guilherme Nabhan
Já a nova marca infantil, Lulu Lobster, cujas peças serão vendidas via Instagram, na multimarcas Pinga e na Ki&Co, é um projeto cultivado há 12 anos. “Cheguei a ir ao Peru grávida de Felipa para pesquisar tecidos. Fiquei gestando essa história e durante a pandemia senti que tinha chegando a hora.” Roupas nos tamanhos de 6 meses a 12 anos vêm em edições limitadas e peças numeradas. “São feitas de forma artesanal. Amo essa coisa de ‘criança vestida de criança’. A infância já é tão curta hoje em dia, é preciso sonhar”, analisa. E injetar fantasia no cotidiano é uma das especialidades de Lulu: “Acredito na arte, na roupa e na liberdade, juntas, andando com fé para celebrar a beleza de ser quem se é”.
Mônica Martelli, atriz e apresentadora