“Minha terra” respondendo ao plantio de mandioca
– Acorda menino, e se alevante!
– Pôcha vó, tá chovendo!
– E temos que dá graças à Deus por isso! Chuva num mata! Avie, siô!
– Vó eu vou fazer o quê, com essa chuva?
– Cum ela eu num sei. Mas você tem que ir trabaiá, menino!
E eu que não levantasse. E eu que não fosse me preparar para pegar no cabo da enxada mais um dia e mais uma vez. Havia uma nesga de terra cedida por Joaquim Albano, o proprietário daquela imensidão. Vários hectares.
Meu avô, como quem me “concedia” um prêmio, separou uns 200 metros de fundo por 50 de largura e disse:
– Taqui Zé. Esse pedacim de terra é seu prumode prantar o que você quiser.
Na verdade, vovô não estava me dando coisa nenhuma, pois não era proprietário de nada. A terra era do Joaquim Albano e meu avô apenas “separou” um pedaço para que eu tomasse gosto pelo roçado e me sentisse dono e responsável por alguma coisa.
O café torrado em casa, o leite de cabra, um bom pedaço de queijo e outro de beiju de farinha faziam o desjejum. O dia clareava, a chuva continuava caindo, embora de forma mais amena.
Enquanto eu esperava o “café esfriar” para começar a me molhar na chuva, meu avô já estava pronto, com enxada, foice e outros apetrechos nas mãos. Me aguardava para mais um dia de trabalho – e eu já sabia que era dali que todos tirariam o sustento.
A ingenuidade da minha avó, ou a extrema necessidade de proteger o neto querido, com certeza a levou a dizer:
– Zé, meu fii, bote a galocha prumode evitar pisar nim cobra!
– Vó… galocha no roçado?!
Urucum uma fonte medicinal
Colorau – tange para longe o colesterol ruim
Trazido da Ásia para o Brasil pelos espanhóis, lá por volta dos anos 1.700, o urucum é uma planta de largo uso entre nós e de importância medicinal muito grande. Larga aceitação na culinária brasileira, como “corante” (colorau), pela riqueza em carotenoides, também é muito utilizado na indústria, inclusive farmacêutica. O corante que é extraído de sua semente é usado em cosméticos, bronzeadores, alimentos, e tecidos.
“O urucum é rico em cálcio, fósforo, ferro, aminoácidos, e nas vitaminas B2, B3, A e C. Contém cianidina, os ácidos elágico e salicílico, saponinas e taninos, fitoquímicos que ajudam a prevenir e tratar doenças. Misturar as sementes com óleo de coco, ou azeite de oliva, é produzir um remédio caseiro que pode ser aplicado topicamente para tratar queimaduras, feridas e picadas de insetos.
As sementes também são usadas com sucesso para a cura da icterícia. Para crianças, o chá das sementes deve ser dado para matar vermes. O uso da tintura remonta a antiguidade, para tratar doenças venéreas, controlar os sintomas da menopausa, melhorar a libido sexual, e para diminuir suores noturnos, dores, ou inchaço.
Semente e folha produzem efeitos diuréticos, e contêm propriedades adstringentes e antibacterianas. Se uso contínuo fortalece a função renal e o aparato digestivo. Proporciona alívio de azia, indigestão e o desconforto estomacal proveniente de comidas picantes.
O chá das folhas regula o nível do colesterol, trata hepatite, desenteria, febre, malária, edema, diminui a pressão sanguínea, e até combate os efeitos de mordida de cobras venenosas. Possui propriedades expectorantes, limpando o muco acumulado, e combatendo a asma, tosse e bronquite.” (Árvores e plantas medicinais)