Foi uma noite memorável, embora eu não tenha mais tanto tempo para rememorá-la. Aos 77 anos fiz minha estréia num palco de teatro a convite do ator e diretor Chico de Assis. Aliás, eu interpretei eu mesmo, contando algumas histórias que escrevo dominicalmente em alguns jornais do Brasil. Impressionado com as boas gargalhadas da platéia, me empolguei dramatizando as narrativas, o Chico magnífico recitou alguns poemas e a afinadíssima Andréa Laís, cantou belas músicas, a ver com as narrativas. Para não ser cabotino transcrevo algumas opiniões de quem assistiu peça SE FOR PRA CHORAR QUE SEJA DE ALEGRIA.
“ Carlito! Fiquei encantada com sua apresentação no Teatro Deodoro na noite de ontem. Sentei-me ao lado de Rosita, e juntas relembrávamos cada detalhe tão bem descrito por você. E ríamos com a plateia que vibrava a cada narração. Ambientação perfeita, encenação nota 1000! A cantora, impecável como intérprete das belas músicas, o maravilhoso Chico de Assis conduzindo o espetáculo e declamando com maestria, a composição perfeita de Cremilda e do garçom…Sem defeito! Tudo arrematado com os sambistas,olhe! PARABÉNS! Alagoas lhe agradece. Grande abraço.” VÂNIA PAPINI,. (escritora, cantora, produtora cultural.)
“Valeu a pena tanta expectativa! Uma viagem pela cidade que se torna mais humana através de vocês. O instrumento ainda acaricia meus ouvidos quase surdos, e esta voz é única! Parabéns. Deve ser utilizado no programa do Chico, na TV, como seriado. É história. Maceió, seus enredos, sua cultura, seu povo”. EVERALDO MOREIRA. (psiquiatra, ator, escritor, ligado às letras e ás artes.)
CRÍTICA do dramaturgo GUILHERME DE MIRANDA RAMOS, para o Caderno B da Gazeta de Alagoas.”O PALCO FOI DO VELHO CAPITA”
“ Na semana passada, o Teatro Deodoro transformou-se num auditório da fictícia Rádio ZY-200, uma homenagem aos 200 anos de Emancipação Política de nosso Estado e à Rádio Difusora, ZYO-4, numa idealização de Chico de Assis, Carlito Lima e Andréa Laís..
O programa-espetáculo “Se for pra chorar, que seja de alegria” apresentou um locutor (interpretado por Chico de Assis) entrevistando o escritor/historiador Carlos Roberto Peixoto Lima (nosso queridíssimo Carlito Lima). Na entrevista, Carlito narrou histórias que viveu ou que ouviu falar em Maceió desde 1930, enquanto imagens pessoais e da cidade eram projetadas num telão, nostalgicamente. Entre uma história e outra, a dupla Andréa Laís (voz) e Toni Augusto (violão) fizeram apresentações musicais ligadas às narrativas, que ainda foram intercaladas por declamações de poesias (de autores diversos) pelo próprio Chico.
Carlito estava muito à vontade (como sempre fica em qualquer lugar). Apesar de ser sua estreia no teatro, arrancou risadas como se estivesse numa grande roda de amigos, na varanda de casa. Andréa Laís (que voz é essa, garota?) encantou mais do que uma horda de sereias em alto-mar. Toni Augusto (veterano na música) bailou os dedos num violão que mais parecia a lira de Orfeu. Chico de Assis (que, além de atuar, acumulou idealização, roteiro, direção e ainda fez a programação visual do projeto) foi impecável nas declamações. Porém, com tantas atribuições, talvez tenha lhe faltado um pouco de atenção no resultado final. Edner (Careca) Pimentel fez uma luz caprichosa, destacando cada plano de cena, mas, em alguns momentos, deixou a cantora na penumbra. Márcio Brebal proporcionou um som digno de CD (e que efeito vintage maravilhoso em alguns momentos), porém não silenciou o microfone headset (facial) de Carlito nos momentos musicais, quando ele, ansioso (no bom sentido), revisava, comentava, cantarolava – e a plateia escutava. Mas parabéns pela discretíssima troca de bateria do mesmo microfone durante uma cena. O que poderia ter sido o maior desconforto, foi resolvido engenhosamente.
Os escritos de Carlito são fascinantes. É difícil selecioná-los entre tanta coisa engraçada e crítica. São mais de 850 narrativas nesses 16 anos que se tornou escritor. 17 crônicas estão presentes na produção. Some-se isso a seis intervenções poéticas de Chico e 13 performances musicais de Andréa Laís/Toni Augusto e algumas intervenções da (sempre engraçada) Cremilda (interpretado pelo ótimo Naéliton Santos). Teve até a participação do garçom Pescoço (citado nas crônicas do Velho Capita)! Era impossível que o tempo da produção fosse cumprido. Uma hora e meia de apresentação é o ideal; duas horas é aceitável. Mas três horas, definitivamente, é comprometedor. Tanto que algumas pessoas foram embora no meio do espetáculo, preocupadas, talvez, com o horário do ônibus. Dói ter que cortar na carne da crônica e, consequentemente, da música, mas é preciso. Já a poesia está na dose certa. Na literatura, menos é mais. Na cena, já que a produção se assumiu como um espetáculo de literatura-música-teatro, não pode ser diferente.