Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 24 de abril de 2023

MINERAÇÃO: INDÍGENA QUE *BARROU* EXTRAÇÃO DE COBRE NO PARÁ GANHA PRÊMIO NOS EUA

 

Por Alan Souza* — Rio de Janeiro

 

Alessandra Munduruku mobilizou aldeia contra extração de cobre no Pará
Alessandra Munduruku mobilizou aldeia contra extração de cobre no Pará Prêmio Goldman de Meio Ambiente

A primeira vez que Alessandra Munduruku, de 39 anos, saiu da Aldeia Praia do Índio, em Itaituba (PA), foi para lutar pelos direitos do seu povo. Em 2015, ela foi a Brasília junto com os caciques para brigar pelo território onde viviam. Depois disso, não parou mais. Nesta segunda-feira, ela e outros cinco militantes vão receber o Prêmio Goldman de Meio Ambiente, o maior da categoria, pelo trabalho realizado em suas comunidades.

— Só basta estarmos vivos para lutar. Não é fácil largar o seu território para gritar na mesa de um deputado, presidente ou de qualquer empresa que queira violar nossos direitos — disse a indígena ao GLOBO.

A ativista ganhou o prêmio por ter organizado, no início de 2021, uma campanha de mobilização em sua aldeia para evitar que a empresa britânica de mineração Anglo American extraísse cobre dentro de territórios reservados. A ação de Alessandra também contou com auxílio de entidades como a Articulação dos Povos Indígenas (Apib).

Alessandra Munduruku — Foto: Prêmio Goldman de Meio Ambiente

Alessandra Munduruku — Foto: Prêmio Goldman de Meio Ambiente

“Povo vai continuar resistindo”, publicou a ativista em janeiro daquele ano em sua rede social. Na postagem, ela pedia a demarcação da terra indígena Praia do Índio, uma área de cerca de 28 mil hectares, na Floresta Amazônica, habitada pelo povo Munduruku.

Meses depois, em maio, a Anglo American se comprometeu formalmente em retirar os 27 pedidos de pesquisa feitos à Agência Nacional de Mineração (ANM) para extração de cobre em terras indígenas nos estados de Mato Grosso e Pará. Dos pedidos, 13 impactariam o território onde a indígena vivia com seu povo, de acordo com a Apib.

— Quem tem direito ao território são sempre aqueles caras que usam gravata, assinam os papéis e têm a caneta — observou. — Os não indígenas chegam fazendo um mapeamento e dizendo que a terra é deles, mesmo sabendo que não é. Só acreditam no papel deles, enquanto nós que vivemos lá há muito tempo não temos direito ao território. Sinto que os indígenas só têm direito a algo se não usarem roupa, não tiver acesso à internet nem educação.

Mas essa não foi a primeira vez que ela viu a terra da Aldeia Praia do Índio ser ameaçada. Alessandra contou ouvir, desde criança, “a cidade falando de garimpo” no território. De acordo com o relato, a floresta que rodeava o território onde vivia era derrubada, dando lugar a loteamentos.

Alessandra, no entanto, afirmou estar confiante com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sônia Guajajara. Porém, segundo ela, há muito a ser feito.

— Foi uma grande luta para termos um ministério, mas ainda é preocupante. Nossa parenta Sônia não está sozinha. Ela tem uma responsabilidade muito grande em consultar os povos indígenas. A gente sabe que esse ministério não é para nos silenciar — disse, lembrando que o governador do Pará Helder Barbalho (MDB) também adicionou uma pasta específica para o tema em seu secretariado.

Mesmo que demore, o sonho de Alessandra Munduruku é voltar para sua casa, na Aldeia da Praia do Índio, onde possa viver perto de seus parentes. Segundo ela, há bens que só se encontram no território de seu povo:

— Voltar é o que mais quero. Dá uma raiva de morar na cidade quando falta água, porque lá (na terra indígena) eu só preciso ir ao rio.

*Estagiário sob orientação de Daniel Biasetto


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