Miguel Marcondes e Luís Homero, Banda Vates e Violas
Uma vez, na década de noventa, eu acabara de chegar na minha cidade da Prata-PB, quando fui convidado por Antenor Dirceu, irmão dos Vates e Violas e meu primo, pra um forró em homenagem a não sei quem no sítio Balanço na Santa Catarina, comunidade rural nossa vizinha, que tem parte das terras no município de Monteiro.
Já na boquinha da noite, “se juntamos” eu Miguel, Antenor e mais uns dois cachaceirinhos e fomos pro samba, lá no pé da serra de Santa Catarina, aonde por trás se vê o clarão da iluminação de Monteiro. Chegamos na casinha do forró aonde o sanfoneiro era um negro magro e imbuanceiro, filho de Vital, um astro da sanfona lá daquelas bandas.
Como a bebida se resumia a uma cachaça” lasca peito” misturada com “crush”, fomos até Monteiro em busca de uma bebidinha mais palatável. Antenor ficou no forró, que não tava lá essas coisas todas. Também pudera, tava apenas começando.
Fomos até Monteiro, paramos num bar, demos de garra de um litro de uísque (Natu Noblilis) e nos esquecemos do Balanço e de Antenor. Lá pelas tantas, alguém lembrou que o nosso companheiro ficara lá esperando a nossa volta pois tínhamos saído somente pra ir buscar a bebida.
Retornamos lá pelas oito da noite e o forró ainda do mesmo jeito que deixamos. Levados por Antenor, eu e Miguel entramos no salão pra dar uma olhada. No meio dos poucos casais dançavam duas matutinhas, uma servindo de par para a outra.
Chamei Miguel:
– Migué, vai apartar aquelas duas pra ver se a gente consegue dançar hoje aqui.
Miguel saiu com aquele jeitão magro, comprido e empenado pra um lado e abordou as meninas:
– Bora dançar com nós dois, disse olhando pra mim que, por ser péssimo dançarino, nunca tive coragem de chamar ninguém pra dançar.
Muito menos de “apartar” duas mulheres.
Era um costume lá pelo sertão, devido ao fato dos maridos não estarem presentes, as mulheres jamais poderiam dançar com cavalheiros.
Diante da proposta de Miguel a matutinha se virou sem parar a dança e respondeu:
– Nóis não pode dançar com homem não, nós somos casadas.
E Miguel respondeu:
– Tudo bem, eu quero ver é vocês fazerem menino…
* * *