21 de setembro de 2020 | 05h00
Em 1958, a nouvelle vague estava no ar e Nas Garras do Vício, de Claude Chabrol, e Ascensor para o Cadafalso, de Louis Malle, tiveram exibições, fora de concurso, no Festival de Cannes. O júri presidido pelo escritor Marcel Achard outorgou a Palma de Ouro ao soviético Quando Voam as Cegonhas, de Mikhail Kalatozov, e seu prêmio especial a Meu Tio, de Jacques Tati, que, no ano seguinte, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro.
O primeiro filme em cores de Jacques Tati é uma obra-prima, escreve Leonard Maltin em seu Classic Movie Guide. É o que o cinéfilo poderá confirmar, mais uma vez, às 14h45 desta segunda, 21, no Telecine Cult. Tati talvez tenha sido o Michelangelo Antonioni do humor. Um cômico da observação, cujos temas são a solidão e a incomunicabilidade. O indivíduo perante a multidão.
A irmã e o cunhado habitam uma casa ultramoderna. Seu personagem, M. Hulot, entra em cena para desorganizar o organizado. A cena do chafariz é antológica. M. Hulot quase não fala. Passeia por Paris de bicicleta. Carrega o sobrinho. “Qu’il est bon le temps des vagabondages.” Tati veio do cabaré e do music hall, desde os anos 1930. No fim dos 1950, já era um veterano. Foi sempre um (grande) solitário no cinema francês.