O outono traz o alerta para as temporadas de queimadas no Distrito Federal. Para reduzir os riscos, organizações e entidades ambientais intensificam ações preventivas até que o período de seca atinja níveis críticos, em agosto e setembro. De acordo com o levantamento do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), em 2021, foram registrados cerca de dez mil acionamentos de incêndio na capital do país. Neste ano, até o fim de março, foram 186 — índice considerado dentro dos parâmetros normais pela corporação.
O Corpo de Bombeiros trabalha com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a fim de evitar incêndios e mapear locais de queimadas. Meteorologista do Inmet, Nayane Araújo lembra que não é somente a falta de chuvas que contribuem para a formação de labaredas. As altas temperaturas e a baixa umidade do ar são fatores determinantes também. "É bom que a população fique em alerta daqui para frente, porque vamos ter intervalos de umidade baixa, tempo seco e quente, propícios para o surgimento das queimadas", assegura.
Antecipação
O professor de biologia do Ceub Fabrício Escarlate destaca a importância das queimadas controladas, no outono, para manutenção do cerrado e unidades de conservação. O método reduz a disponibilidade de matérias combustíveis na natureza e o objetivo de mitigar as chances de incêndios tomar grandes proporções. "O fogo durante a seca vai ter maior intensidade. As chamas serão mais quentes. Portanto, será mais difícil de serem controladas e, consequentemente, vai gerar algum tipo de dano às espécies que ali vivem, sejam animais ou vegetais", descreve. Outro instrumento para evitar que as labaredas avancem sobre o solo é a criação de aceiros — faixas de terra onde a vegetação é completamente eliminada para prevenir a passagem do fogo —, ainda no fim do período chuvoso.
Brigadistas realizaram ações de queima controlada no Parque Nacional de Brasília — monitorado pelo do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) — e no Parque Ecológico do Riacho Fundo — gerido pelo Ibram. "Geralmente, fazemos uma queima e, no outro dia, ficamos na vigilância, monitorando o local. Só depois, executamos outro tipo de queima em outra área", ressalta o diretor de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Ibram, Pedro Paulo Cardoso.
Engenheira florestal, Roberta Maria Costa e Lima destaca a importância do acesso à informações pelas comunidades, sobretudo quando se trata de incêndios, uma vez que produtores rurais recorrem à queima controlada com objetivo de limpar o pasto. "Para a queimada não se transformar em incêndio, é sempre importante promover a educação ambiental, alertando a população dos riscos e consequências", defende.
Cuidados
>> Não atear fogo para limpeza de terrenos, lixo ou resto de podas de árvores. Procure centros de coleta do Serviço De Limpeza Urbano para descarte;
>> Após fumar, apagar o cigarro e descartá-lo em local adequado;