Alguns milagres saltam aos olhos, aqui resguardando-se a identidade dos santos, como manda um dos mandamentos da boa educação. Qualquer pessoa de senso de equilíbrio mínimo percebe, por exemplo, como estão desrespeitando os velhos logo no ano onde a CNBB também os reverencia na Campanha da Fraternidade. Ora é um debilóide que prefere um copo de cerveja, mesmo que deixando a avó no ostracismo, depois de uma caminhada de muitas dificuldades. Ora é uma moçoila de telenovela, metida a furico de satanás, que praticamente amaldiçoa os avós que sob um mesmo teto seu se protegem, vez por outra ainda roubados sem a menor cerimônia pela neta escroticida.
Como é ridícula a demagógica proposta de cotas para não-brancos nas universidades, diferentemente da sadia instituição de percentagem de ingresso nas universidades dos oriundos das escolas públicas! Razão plena tem a jornalista pernambucana Marilene Felinto, agora colabora de revista conceituada, quando declarou recentemente: “eu mesma teria arrastado para sempre um complexo de inferioridade atroz se tivesse entrado na USP, a melhor universidade pública da América do Sul, pelo critério de cor da minha pele de mulata”. A demagogia populista, além de não entender bulhufas de abolicionismo social, desastradamente amplia a discriminação contra os não-brancos, nossos irmãos, também filhos amados da Criação.
Considero um papelão molecal a capacidade de alguns de se desconstruir publicamente para melhor se locupletar das benesses do poder atual, jogando na rua da amargura seus passados, suas caminhadas, suas angústias e suas reflexões. Tudo atulhado num gavetão recheado de ontens não mais lembrados, em nome de um comportamento puxasaquístico, típico dos desavergonhados. Reconheço que a reforma mais necessária para a governabilidade brasileira é a reforma política, sem a qual resvalaremos para cenários pouco consistentes, abismais por derradeiro.
Outro dia meu nível de indignação ampliou-se quando vi uma propaganda de uma determinada marca de automóvel, onde duas crianças solicitavam aos pais uma paradinha fora da entrada da escola porque tinham um carro menos tampa-de-foguete, como se a esmagadora maioria das crianças brasileiras não ficassem rindo à toa pelo fato de os pais possuírem um carrinho, fosse ele de que marca fosse.
Receio que determinadas “explicitações comunicacionais” estejam favorecendo construções de cenários pouco democráticos, discriminatórios, como se uma tecnologia ultrasofisticada não tivesse como contraponto o fato humilhante para todos nós: apenas África do Sul e Malaui possuem um grau de desigualdade de renda maior do que o do Brasil.
Nos ainda umbrais de um novo século, num contexto impregnado de muito ceticismo, onde se diluem o mito do Estado todo poderoso e o mito do mercado como catapulta do progresso infindo, ampliam-se os anseios por uma ativa e altiva ação comunitária, nunca subordinada às tiranias plutocráticas. Tampouco putinocáusticos.
A hora brasileira é a da sociedade civil. Sem medo e sem ódio, como dizia Marcos Freire, um talento pernambucano que fez história num partido que, à época, não bajulava o poder, muito pelo contrário.
PS. Viva o Luiz Berto, integralmente recuperado, de volta ao comando do Jornal da Besta Fubana!!