A maior inspiração artística, o MC Cabelinho não se contentou em tatuar apenas uma vez – ele tem nada menos que quatro representações da cantora inglesa Amy Winehouse (1983-2011) espalhadas pelo corpo. No antebraço esquerdo, há o rosto de uma Amy adulta e um outro da artista aos cinco anos de idade. Pouco abaixo da orelha esquerda, está escrito “Amy”. E do lado esquerdo do peito, salta aos olhos a imagem de uma Marge Winehouse – improvável fusão da trovadora dos corações dilacerados com a matriarca do desenho animado “Os Simpsons”.
— A Amy escreveu sobre tudo que ela viveu, tudo que ela falava nas músicas era real. Ela era muito autêntica, é a voz mais original que eu ouvi até hoje. Eu me identifiquei muito com a Amy, ela não tinha vergonha de falar do sentimento dela nas músicas. Acredito até que o “LITTLE LOVE” tenha influência dela — admite o carioca de 26 anos, fazendo referência ao disco que lançou no apagar das luzes de 2022, e que teve a melhor estreia de um álbum de rap na história do Spotify Brasil.
— Depois que terminei o “LITTLE HAIR”, percebi que eu estava escrevendo várias love songs. No meio do ano, eu já estava com oito músicas prontas, e até dezembro, quando resolvi lançar o disco, apareceram outras — conta ele. — Eu tinha terminado meu antigo relacionamento e depois disso fiquei com várias minas. Tava solteiro, enfim, e tive experiências que me fizeram escrever o “LITTLE LOVE”. Ele é um disco de amor pequeno, de amor de fim de noite, aquele amor que acaba rápido.
Educação sentimental
Espécie de “Back to black” (o clássico álbum de Amy Winehouse) versão Cabelinho, o disco fala, em suas músicas, de tudo um pouco: do sexo matinal (“é o bagulho depois das resenhas”, explica) e dos casos inconsequentes (“prazer te receber na minha casa / a foda certa com a pessoa errada”, canta o MC em “Sexy”) às fraquezas emocionais (“eu sou maluco, neurótico e possessivo”, confessa em “Valho nada”) e os cuidados a se tomar enquanto pessoa pública (“não vamos falar, postar aquilo que rola entre a gente / melhor viver, saber aproveitar tudo intensamente”, sugere ele em “Grifinória”):
—Eu me envolvia com várias pessoas nas festas e todo mundo tava com celular na mão. Não queria que ficasse saindo bagulho meu em site de fofoca, mas saiu algumas vezes. O tanto que eu podia me prevenir, eu me preveni.